Deu na Folha de S. Paulo
Gasto mensal dos governos com propaganda mais que dobra em 2010; dispêndio deveria ser limitado, por lei, a parcela do orçamento
Em anos eleitorais, o já abusivo bombardeio publicitário promovido por governos ganha contornos insuportáveis.
Premidos pela lei a não ultrapassar o gasto médio com propaganda do triênio anterior e, ao mesmo tempo, a não veicular anúncios nos três meses que antecedem o pleito, os governos federal e dos Estados concentram seu arsenal autocongratulatório no primeiro semestre do ano.
Apenas entre janeiro e junho de 2010, a veiculação de anúncios das realizações do governo paulista, vitrine da candidatura presidencial de José Serra (PSDB), consumiu R$ 141,8 milhões.
O gasto mensal do período foi de R$ 23,6 milhões, duas vezes e meia os R$ 9,2 milhões mensais despendidos, em média, nos primeiros semestres de 2007, 2008 e 2009.
No ano passado, o total de despesas de São Paulo com comunicação institucional chegou a R$ 247 milhões. A título de comparação, o programa Renda Cidadã, que paga R$ 200 mensais a quase 140 mil famílias pobres do Estado, recebeu pouco menos de R$ 100 milhões em recursos orçamentários no mesmo período.
O desperdício de dinheiro em propaganda não é diferente na esfera federal. Nos últimos seis meses, o governo Lula aplicou nesse item R$ 146 milhões, sem contar os gastos de empresas estatais.
A média mensal do período foi de R$ 24,3 milhões, contra R$ 12,3 por mês nos primeiros semestres do três anos anteriores.
Em nada surpreende essa acirrada disputa publicitária. Avança-se no bolso do contribuinte para financiar anúncios com o óbvio intuito de promover as candidaturas presidenciais de Serra e da ex-ministra Dilma Rousseff (PT).
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