PMs liberaram rapaz que matou filho de atriz apesar do estado do carro
A Polícia Militar afastou ontem os dois policiais — um cabo e um sargento do 23 BPM (Leblon) — que pararam e em seguida liberaram o carro que atropelou e matou o filho da atriz Cissa Guimarães, o músico Rafael Mascarenhas, de 18 anos, na madrugada de terça-feira, na pista interditada do Túnel Acústico, no sentido Gávea.
Eles serão investigados pela Corregedoria Interna da PM. De acordo com a corporação, que divulgou três notas sobre o caso ontem, o afastamento foi decidido depois do "aprofundamento das investigações da Polícia Civil".
Segundo a última nota, emitida às 18h44m, "a constatação de que o veículo estava seriamente avariado e, pior, sem a placa de identificação, indica que houve erro por parte dos policiais, não buscando elucidar o motivo daquelas irregularidades".
Segundo o Departamento de Relações Públicas da PM, a conduta dos policiais ainda não foi avaliada, mas a apuração e o inquérito policial-militar aberto podem fazer com eles sejam enquadrados em crime de prevaricação (deixar de cumprir o dever). O que a maioria das pessoas suspeita, no entanto, a PM não admitiu investigar: a hipótese de os policiais terem recebido propina.
O Siena preto dirigido por Rafael de Souza Bussamra, de 25 anos, chegou no fim da manhã de ontem ao pátio da 15 DP (Gávea). O carro estava numa oficina em Quintino, na Zona Norte, e está sendo periciado.
Na lataria, as marcas de um acidente grave e recente são visíveis: o capô do lado do motorista está todo amassado; o vidro dianteiro, estilhaçado e quebrado; o para-choque, solto; o farol esquerdo, quebrado; e não há placa dianteira. O estado do veículo fez com que os policiais civis achassem absurdo ele não ter sido apreendido pela PM.
— É impossível não ter percebido que eles haviam se envolvido num acidente com o carro desse jeito. A PM errou ao deixar de preservar o local do atropelamento — disse o comissário Alexandre Estelita.
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