Argumentar que o Japão conhece o barril de pólvora sobre o qual está sentado, e que terremotos como o atual não acontecem na Alemanha, é simplificar as coisas. E se um avião cair sobre uma central? E quanto aos ataques terroristas, às múltiplas falhas técnicas ou humanas?
Além disso, o perigo não reside apenas nas panes – também o lixo radiativo, para o qual ninguém tem um destino adequado, vai um dia se tornar um obstáculo. Até hoje não existe em nenhum país do mundo um lugar adequado para depositar detritos atômicos, apesar de buscas intensas.
Queremos continuar correndo esses riscos? Apesar de termos alternativas mais promissoras, como a energia solar e a eólica? Essas são energias renováveis, que nos tornam independentes do petróleo, que não oferecem perigo, que são sustentáveis e que não comprometem as gerações futuras. É nessas energias que devemos investir. Elas não são um sonho ambientalista. Elas representam uma sociedade limpa, sustentável e moderna.
A energia nuclear, por outro lado, está ultrapassada. Ela é poluente e perigosa e consome recursos naturais. O urânio, combustível das usinas nucleares, está em declínio. Há urânio suficiente para no máximo 50, 60 anos, calculam especialistas. Isso é sustentável? Os únicos que asseguram que sim, são os lobistas da energia atômica e as empresas de energia, que se enriquecem com a fissão nuclear e exercem enorme influência sobre a política.
Tomara que a catástrofe no Japão sirva para acordar os políticos. Chegou a hora de eles mostrarem coragem. Coragem de virar as costas para o passado e investir nas energia e tecnologias do futuro.
Autoria: Judith Hartl (as)
Revisão: Augusto Valente
Artigo na da Agência Deutsche Welle, publicada pelo EcoDebate, 15/03/2011
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