sábado, 26 de março de 2011

Governo procura cidades para depositar lixo atômico

Via blog do Josias de Souza
Foto:Wikipedia
24.03.2011




O governo brasileiro vai oferecer dinheiro (royalties) a municípios que toparem receber o lixo atômico produzido nas usinas nucleares de Angra dos Reis (RJ).

Em fase de desenvolvimento, o projeto prevê o armazenamento dos resíduos nucleares em cápsulas de inox revestidas de concreto.

Prevê-se que esses depósitos de rejeitos tóxicos terão “prazo de validade” de 500 anos.

Deve-se a informação ao presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva. Ele participou, nesta quarta (23), de audiência pública no Senado.

A sessão reuniu senadores de três comissões: Infraestrutura, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia.

Convocada nas pegadas do acidente nuclear de Fukushima, no Japão, a audiência teve o propósito de checar a segurança das usinas nucleares brasileiras.

Vieram à luz inconsistências e problemas dignos de nota. O armazenamento dos resíduos tóxicos é um dos dilemas.

Othon Luiz contou aos senadores que a Eletrobras constrói, no momento, uma célula-piloto, para exibir aos prefeitos dos municípios.

O trabalho é desenvolvido sob supervisão da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear).

O presidente da Eletronuclear disse estar ciente da dificuldade que terá para convencer municípios a se converterem em depósitos de lixo nuclear.

Será preciso oferecer, disse ele, além de royalties, garantias de segurança que convençam a população das cidades e a comunidade científica.

O lixo nuclear recebe três tipos de classificação: alto risco, médio risco e baixo risco. Esse último recebe tratamento análogo ao dispensado ao lixo hospitalar.

Ficou claro na audiência do Senado que o acidente do Japão não provocará alterações no programa nuclear brasileiro. Ao contrário, pretende-se pôr em funcionamento Angra 3.

Vão abaixo alguns dos problemas expostos na audiência pública:

1. Plano de evacuação: Othon Luiz informou que se encontra em andamento a construção de embarcadouros e helipontos na região de Angra dos Reis.

Serão usados em megaoperações para retirar, por via marítima, as pessoas das áreas próximas às usinas em caso de acidentes nucleares.

Pergunta-se: isso já não deveria estar pronto desde o início da operação das usinas de Angra? Continua

***

Leia também:
- E se tivesse sido aqui no Brasil...
- La radiactividad del mar cercano a Fukushima se multiplica en unas horas
- Japón detecta altos niveles de radiactividad en el agua del mar al sur de Fukushima

- "La situación en Fukushima es seria y puede degradarse en cualquier momento, pero hay algunas señales positivas", nos ha contado Rafael Grossi, director general adjunto del OIEA, en una entrevista en la que huye del catastrofismo pero también del engaño. (El País)