terça-feira, 1 de março de 2011

Paulista acolhe a poesia concreta de Haroldo de Campos

Via Veja
27.02.2011


Frederico Barbosa interrompeu um compromisso na agenda para receber a reportagem de VEJA na Casa das Rosas, em São Paulo. Ali, o poeta e professor de literatura, que é também diretor da instituição, iniciaria uma visita guiada por H Láxia, exposição em homenagem ao concretista Haroldo de Campos da qual é um dos curadores. Com um figurino que lhe é pouco familiar – terno e gravata herdados da reunião anterior -, Barbosa traçou um roteiro pela mostra, que se estende ao Itaú Cultural, na mesma avenida Paulista, em São Paulo, e lembrou a pertinência de ter um pé do projeto na Casa das Rosas, lugar que conserva o acervo do “mais barroco dos concretos”. E que dá agora vitrine a 300 poemas do autor, um destaque raro no meio.

Um gole de água para rebater o calor paulistano e Frederico Barbosa segue para o hall do antigo casarão da Paulista. A primeira obra no caminho é a reprodução do poema Servidão de Passagem, dividida em triângulos de concreto entre a entrada do centro cultural e o café Haroldo de Campos, já dentro da Casa das Rosas. “nomeio o nome / nomeio o homem/ no meio a fome”, diz um trecho do poema, assim mesmo, em caixa baixa. “poesia em tempo de fome/ fome em tempo de poesia / poesia em lugar do homem/ pronome em lugar do nome / homem em lugar de poesia/ nome em lugar do pronome.” Barbosa destacou o paradoxo da instalação, que, apesar do suporte concreto da pedra, expõe uma das poesias mais abstratas de Campos. “Estamos estudando a viabilidade dessa obra continuar aqui, mesmo após o término da exposição”, conta. Continua