sexta-feira, 25 de março de 2011

Revolta dos trabalhadores de Jirau: caso para a Força Nacional?

Por Sérgio Abranches
20.03.2011

Não há acaso na coincidência entre as várias ocorrências registradas em relação aos projetos de hidrelétricas na Amazônia. As das obras das hidrelétricas do rio Madeira, Santo Antônio e Jirau, foram paralisadas por razões trabalhistas, com violência no caso de Jirau. Jirau já custará 44% além do que foi determinado em leilão, passando de R$ 9 bilhões, para R$ 13 bilhões. Belo Monte começa a ser construída com base em licenças extemporâneas, sem fundamento técnico. A empreiteira iniciou as obras de Belo Monte, no meio do carnaval, para evitar a atenção do público.
Todo o programa de hidrelétricas na Amazônia tem essa marca: falta de qualidade técnica, econômica, ambiental e de engenharia; falta de transparência; custos subestimados; implementação improvisada, açodada, inteiramente impermeável ao escrutínio público e totalmente insensível a opiniões contrárias, mesmo quando tecnicamente fundamentadas. A transparência foi substituída por intenso trabalho de relações públicas. Há mais press release circulando como matéria, do que matéria efetivamente apurada.
Quando apuradas, as matérias coincidem. No caso do conflito trabalhista em Jirau, por exemplo, há convergência entre os diferentes depoimentos de trabalhadores, recolhidos pelos enviados especiais a Rondônia do Globo, Cássia Almeida, e da Folha de São Paulo, Rodrigo Vargas. Dão notícia de promessas não cumpridas, quebras de contrato, maus tratos, ambiente repressivo, péssimas condições de trabalho.
Nenhuma surpresa. O tratamento privilegiado dado pelo governo aos projetos e suas empreiteiras, funcionou como uma espécie de blindagem a fiscalizações independentes e a verificações técnicas. A falta absoluta de transparência e a segurança da impunidade criam ambiente propício ao abuso, ao desrespeito da legislação trabalhista. Continua


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