segunda-feira, 11 de abril de 2011

Biocombustíveis e a escassez de alimentos

Via Gazeta do Povo
09/04/2011 | THE NEW YORK TIMES


Plantações destinadas à produção de combustível tomam espaço de culturas agrícolas básicas

Nova York - A cada ano, uma porção cada vez maior das plantações e culturas agrícolas mundiais (mandioca, milho, cana-de-açúcar e óleo de palmeira) está sendo direcionada para a produção de biocombustíveis, devido às exigências de maior utilização de combustíveis de fontes renováveis (não fós­­seis) já aprovadas em algumas nações desenvolvidas. Além disso, grandes consumidores fa­­mintos por energia como a China estão buscando novas fontes ener­­géticas para alimentar seus veículos e suas indústrias. A mandioca é relativamente nova no mundo dos biocombustíveis.

A utilização de fontes verdes de combustível possui, todavia, suas consequências. Por causa do expressivo aumento no preço dos alimentos nos últimos me­­ses, vários especialistas estão pe­­dindo aos países que diminuam seu apetite para combustíveis verdes visto que a combinação de metas ambiciosas no uso de biocombustíveis e o atual baixo excedente agrícola de culturas essenciais para alimentação hu­­mana pode ser desastrosa e ter impacto direto sobre o preço dos alimentos, da fome e de instabilidades políticas.

Neste ano, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura reportou que o ín­­dice dos preços foi o maior registrado nos 20 anos de existência do órgão. Os preços subiram 15% só no período compreendido en­­tre outubro e janeiro, o que po­­tencialmente “colocou abaixo da linha de pobreza 44 milhões de pessoas em países de baixa e média renda”, conforme apontou o Banco Mundial.

O aumento no preço dos alimentos nos últimos meses também causou protestos e contribuiu para a agitação política em países pobres, incluindo a Ar­­gélia, o Egito e Bangladesh, na­­ções onde o óleo de palmeira, in­­grediente muito utilizado para a fabricação de biocombustíveis, é também uma das principais fontes de nutrientes cruciais para uma população que vive em de­­sesperadora pobreza. Continua