09/04/2011 | THE NEW YORK TIMES
Plantações destinadas à produção de combustível tomam espaço de culturas agrícolas básicas
Nova York - A cada ano, uma porção cada vez maior das plantações e culturas agrícolas mundiais (mandioca, milho, cana-de-açúcar e óleo de palmeira) está sendo direcionada para a produção de biocombustíveis, devido às exigências de maior utilização de combustíveis de fontes renováveis (não fósseis) já aprovadas em algumas nações desenvolvidas. Além disso, grandes consumidores famintos por energia como a China estão buscando novas fontes energéticas para alimentar seus veículos e suas indústrias. A mandioca é relativamente nova no mundo dos biocombustíveis.
A utilização de fontes verdes de combustível possui, todavia, suas consequências. Por causa do expressivo aumento no preço dos alimentos nos últimos meses, vários especialistas estão pedindo aos países que diminuam seu apetite para combustíveis verdes visto que a combinação de metas ambiciosas no uso de biocombustíveis e o atual baixo excedente agrícola de culturas essenciais para alimentação humana pode ser desastrosa e ter impacto direto sobre o preço dos alimentos, da fome e de instabilidades políticas.
Neste ano, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura reportou que o índice dos preços foi o maior registrado nos 20 anos de existência do órgão. Os preços subiram 15% só no período compreendido entre outubro e janeiro, o que potencialmente “colocou abaixo da linha de pobreza 44 milhões de pessoas em países de baixa e média renda”, conforme apontou o Banco Mundial.
O aumento no preço dos alimentos nos últimos meses também causou protestos e contribuiu para a agitação política em países pobres, incluindo a Argélia, o Egito e Bangladesh, nações onde o óleo de palmeira, ingrediente muito utilizado para a fabricação de biocombustíveis, é também uma das principais fontes de nutrientes cruciais para uma população que vive em desesperadora pobreza. Continua