segunda-feira, 4 de abril de 2011

O penhor dessa igualdade

Via blog do Noblat
03.04.2011

Daniel Piza, O Estado de S.Paulo

Diz a autoimagem brasileira que aqui não há racismo, que existe uma vocação para aceitar a diversidade que viria da mistura étnica que nos formou. Muito antes de Gilberto Freyre já se propagava essa ideia. Mas essa autoimagem não descreve nem o passado nem o presente da nação.

A demora em abolir a escravidão e a demora em incorporar os negros e seus descendentes no progresso democrático, até hoje, põem por terra a afirmação de que a ausência da segregação explícita - vista até os anos 50 em países como os EUA - significa uma espécie de superioridade inerente.

É fato que a mestiçagem evitou ou ajudou a evitar tais extremos, mas daí a achar que o gosto do colonizador português por mulheres negras e a índole cordial bastaram para criar uma sociedade livre de racismo, vai atlântica diferença.

Quando ouço as declarações desse deputado Jair Bolsonaro sobre a "promiscuidade" que seria ter uma mulher negra, para não falar do pastor evangélico que escreveu que a herança africana é "maldição", estou ciente de que eles não refletem a maioria dos brasileiros.

Mas não subestimo quantos não pensam ou dizem às escondidas a mesma coisa, e fico indignado quando vejo o modo como os ricos e as autoridades deste país tratam seus empregados, não raro de pele mais escura que a sua. Continua


Leia também:
MP quer recolher passaportes diplomáticos de filhos de Lula