segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Acordo para reduzir o teor de sódio na comida é ‘engodo’, dizem médicos

Via Estadão
Por Karina Toledo
06.11.2011

Médicos das sociedades de cardiologia, nefrologia e hipertensão estão descontentes com o acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a indústria de alimentos para reduzir o teor de sódio na comida industrializada. Segundo eles, as metas propostas para 2014 são tão tímidas que não conseguirão reduzir a mortalidade por doenças cardíacas.

O resultado do termo firmado em abril deste ano para a redução do sódio em macarrões instantâneos, pães de forma e bisnaguinhas foi apresentado às sociedades médicas há duas semanas, em seminário realizado em Brasília. Para Carlos Alberto Machado, representante da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) no evento, o plano não passa de um “engodo”.

“Em vez de propor uma redução a partir do teor médio de sódio presente nos produtos para chegar perto do valor mínimo que está no mercado, eles pactuaram a redução em cima do teto.”

Para exemplificar, Machado cita o exemplo dos pães de forma. Entre as marcas no mercado, o teor máximo é de 796 mg de sódio por porção. O teor médio é de 437 mg e o mínimo, de 118 mg. A indústria se comprometeu a reduzir para 645 mg em 2012 e 522 mg em 2014 - ou seja, a meta ainda é mais alta que a média encontrada no mercado hoje.

Silvia Vignola, especialista em saúde pública e consultora do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), concorda. “Boa parte das empresas já seguem as metas propostas para o fim de 2012 e esses teores ainda são considerados altos. Na prática, não vai mudar muito”, opina. Continua