06.12.2011
A saída de Carlos Lupi do governo reforça a impressão de que temos duas Dilmas em cena.
Dilma Furacão é intolerante com subordinados lerdos, pouco criativos e que se deixam intimidar por ela.
Dilma Eu Te Amo é tolerante com subordinados autores de malfeitos que envolvem o dinheiro público.
Uma é rapidíssima no gatilho. A outra, devagar quase parando.
Há lugar para as duas - desde que elas troquem de função.
Dilma Furacão passaria a cuidar dos autores de malfeitos. Dilma Eu Te Amo, dos subordinados que temem ser destratados se forem além dos seus chinelos. Por isso eles se calam e se retraem.
Dilma Eu Te Amo estava convencida de que conseguiria empurrar com a barriga a demissão de Lupi. Só queria executá-la quando promovesse em janeiro próximo a primeira reforma do seu ministério. Cada nova denúncia contra Lupi ela imaginava que seria a última. Vá lá: a penúltima. Avaliava os estragos e tocava adiante.
De público, jamais respondeu à pergunta que não queria calar: por que tendo trocado cinco ministros em menos de 10 meses preferia arcar com o desgaste de conservar Lupi ao seu lado?
Mediante o anonimato, porta-vozes informais de Dilma ensaiaram respostas por ela. As razões para sustentar Lupi seriam duas, pelo menos.
A primeira: ele ficaria até janeiro para que a imprensa não sentisse o gosto de ter derrubado mais um ministro.
De fato, os caídos devem sua desgraça à imprensa. Foi ela que descobriu seus malfeitos. Continua