Por Mariana Soares - nanacsoares@gmail.com
20.12.2011
Embora certos atos de crueldade pareçam gratuitos, eles não o são, havendo um componente prévio de ordem política ou social. A pesquisa Estudo psicanalítico sobre a gramática da maldade, desenvolvida no Instituto de Psicologia (IP) da USP, analisou algumas modalidades de violência, com base nos grandes genocídios. Principalmente no Holocausto da Segunda Guerra Mundial, quando a barbárie humana atingiu uma magnitude até então inédita.
A fim de compreender como o homem pôde alcançar tais níveis de destrutividade, a psicóloga Marie Danielle Brulhart Donoso resolveu articular aspectos históricos e cotidianos, e individuais e coletivos, fazendo uma análise da relação indivíduo-mundo. Sigmund Freud, o pai da psicanálise, relaciona a perversão à sexualidade, mas a autora ampliou o estudo para as perversões morais (não ligadas à sexualidade): “a perversidade está também na relação do dia-a-dia, e não só nos grandes massacres. A dominação atrelada à crueldade pode encontrar-se num chefe autoritário, por exemplo”. A pesquisa direcionou sua análise aos opressores que praticam atos cruéis com indiferença (o perverso), havendo uma distinção daquele que o faz por prazer (o sádico). Continua