terça-feira, 14 de setembro de 2010

O carrinho dos ricos

Via Estadão, há 410 dias sob censura
Por Carlos Alberto Sardenberg
13.09.2010

Passando o feriado em Key Biscayne, na região metropolitana de Miami, pego carona com um amigo que estava entusiasmado com o seu Smart car, o micro-carro produzido pela Daimler (Mercedes) na Alemanha e na França. Entusiasmo econômico e ideológico.


Começando pelo ideológico: o carrinho é percebido pelos seus donos como uma demonstração de temperança e estilo modesto, atitude mais condizente com uma economia pós-estouro da bolha de consumo. Conta meu amigo que, durante os tempos do excesso, sempre se admirava com a facilidade pela qual as pessoas compravam carros Mercedes, não o Smart, mas os grandões. Estava na cara - continua - que não podia dar certo aquela vida de ostentação e acima das possibilidades reais.

Daí o Smart - micro, para dois lugares, bagageiro pequeno, mas, de fato, surpreendentemente confortável para duas pessoas. O desenho aproveita bem o espaço, de modo que ele parece maior quando você está dentro do que vendo de fora. Ou seja, vale mais a sensação interna do que a exibição externa.
Daí para o entusiasmo econômico. Diz o amigo: "Você enche o tanque e esquece. Anda... anda... e, quando vai repor, nem se lembra quando completou da última vez."
E o preço? Sabem quanto? US$ 12 mil, assim: US$ 1.500 de entrada e 60 prestações mensais de US$ 220. No site do carro (www.smartusa.com) há uma oferta de leasing por US$ 179, válida até 30 de setembro.

Já aqui, no Brasil, é carro de rico. Sabem por quanto sai o modelo 2010? Nada menos que R$ 65 mil, ou cerca de US$ 37 mil (com câmbio de R$ 1,75 por dólar). Está certo que o real está valorizado, mas, para que o preço equivalente aqui fosse de US$ 12 mil, a moeda americana deveria estar valendo R$ 5,40 - cotação claramente impensável. Ou seja, há mais fatores além do câmbio nessas comparações. Continua

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