segunda-feira, 27 de setembro de 2010

"Selvagens" no museu

Via Revista Fapesp
Por Neldson Marcolin
Edição Impressa 175 - Setembro 2010


capa da revista com desenho de índia Botocudo.
© museu nacional 
Há 128 anos, grupos de índios eram expostos na Exposição antropológica brasileira

O dia 29 de julho de 1882 prometia ser diferente na cidade do Rio de Janeiro. O feriado e os fogos de artifício anunciavam o aniversário de 36 anos da princesa Isabel e convidavam para um evento raro na cidade. Naquele dia o Museu Nacional abriu a Exposição antropológica brasileira com a presença das principais personalidades da sociedade carioca e de toda a Corte. Além da princesa, o imperador dom Pedro II e a imperatriz Teresa Cristina visitaram a exposição, amplamente coberta pela imprensa. Também participaram da cerimônia de inauguração alguns índios Botocudo – de Goiás e do Espírito Santo – e Xerente – de Minas Gerais. A diferença é que os indígenas foram trazidos para serem expostos, e não para visitá-la.

O evento de 1882 foi um dos acontecimentos científicos mais importantes do final do século XIX no Brasil. Mostras semelhantes às do Rio estavam em voga em outros países da América Latina, Europa e nos Estados Unidos. O desejo de popularizar a ciência, as polêmicas sobre a teoria da evolução proposta por Charles Darwin, o anseio de conhecer o passado do Brasil e o fascínio provocado pelos índios motivaram o diretor do Museu Nacional, Ladislau Netto, a organizar a exposição. As coleções foram dispostas em oito salas que ganharam nomes em homenagem a figuras da história e da ciência: Vaz de Caminha, Léry, Rodrigues Ferreira, Hartt, Lund, Martius, Gabriel Soares e Anchieta. Continua