sexta-feira, 27 de maio de 2011

A Terra em nossas mãos

Via Estadão
Por Fernando Reinach
26.05.2011

Em 1885, durante o Congresso Geológico Internacional de Bolonha, na Itália, um grupo de cientistas decidiu que a era geológica em que vivemos seria denominada Holoceno. Há duas semanas, em Londres, um grupo semelhante se reuniu na Geological Society para discutir se não seria o caso de declarar o fim do Holoceno e o início de uma nova era geológica, o Antropoceno.

Essa discussão não passaria de uma quirela semântica, não fosse a definição de Antropoceno: a era em que a força das atividades humanas se sobrepõe às grandes forças da natureza. O novo nome seria o reconhecimento de que esse momento chegou.

As eras geológicas são demarcadas pelos eventos que deixaram cicatrizes no planeta. O Holoceno inicia quando acaba o último período glacial, há 12 mil anos, quando o gelo deixa de cobrir parte da Europa, os oceanos sobem 35 metros e a Inglaterra se torna uma ilha. O Jurássico se inicia quando os dinossauros sofrem sua grande extinção, provavelmente causada pelo impacto de um meteoro, há 200 milhões de anos. O Cambriano é demarcado pelo surgimento dos primeiros organismos multicelulares, há 542 milhões de anos. A primeira era, Hadeana, inicia-se com o surgimento da Lua, há 3,6 bilhões de anos.

Eventos que mudaram o curso da história da Terra. A atividade humana e seu efeito justificam uma nova era geológica? Sabemos o suficiente sobre nosso impacto para declarar o início do Antropoceno? Esses temas foram discutidos em Londres.

Em 2002, Paul Crutzen, ganhador do Nobel de Química pela descoberta do mecanismo da destruição da camada de ozona, propôs que estávamos no início do Antropoceno. Nos últimos anos, a ideia ganhou força. Continua

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