quinta-feira, 29 de abril de 2010

Chimpanzés de luto

Via Ciência Hoje - Por Larissa Rangel - 28.04.2010

Estudos mostram que chimpanzés reagem à morte de maneira similar aos humanos. Enquanto uma filha foi observada zelando pela mãe em seus momentos finais de vida, mães que perderam os filhotes carregaram seus corpos por várias semanas.



Em Bossou, na Guiné, uma mãe chimpanzé com o filhote mumificado,
que carregou por várias semanas após a sua morte. Para a pesquisadora Tatyana Humle,
a motivação para tal seria mais emocional do que instintiva
(foto: Tatyana Humle).


Os chimpanzés, parentes mais próximos dos seres humanos, parecem ter, como nós, consciência da morte. Essa foi a conclusão de duas pesquisas diferentes publicadas na Current Biology. Num primeiro caso, vídeos mostraram o comportamento de um grupo de animais momentos antes da morte de uma fêmea anciã.

O outro estudo observou como as mães chimpanzés carregavam o corpo de seus filhotes mesmo depois de mortos, numa espécie de período de luto. Seriam essas semelhanças um caminho para entender as emoções e pensamentos humanos em relação à morte?

James Anderson, responsável pela análise do grupo de chimpanzés em torno da morte da anciã, explica que vários sinais cognitivos já foram observados entre esses animais: eles simpatizam uns com os outros, têm senso de justiça e cooperam para atingir um mesmo objetivo.

Mas a descoberta recente pode explicar como eles se relacionam com o mundo à sua volta e, ainda, ajudar a encontrar as origens da concepção de morte tida pelos humanos.

O trabalho descreve as últimas horas de vida e a morte de Pensy, uma fêmea com mais de 50 anos que vivia no parque de safári Blair Drummond, na Escócia. Nos últimos dias de Pensy, o grupo com que ela vivia esteve muito silencioso e sempre procurava acariciá-la ou estar próximo. Anderson explica que, graças ao vídeo, eles puderam analisar, pela primeira vez, a reação dos primatas em um momento de morte.

O registro mostrou que, naquela noite, a filha, Rosie, e os outros companheiros balançavam a cabeça e ombro da anciã gentilmente após a sua morte. Para o pesquisador, o grupo buscava sinais de vida. Eles foram dormir mais tarde que o habitual e em locais incomuns, até mesmo evitando a plataforma onde Pensy morrera.

“Essas são provas de que as pessoas subestimam a consciência de morte desses animais”, reflete Anderson, pesquisador da Universidade de Stirling, no Reino Unido. Continua


Veja como os chimpanzés lidam com a morte no vídeo abaixo



Continua