quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pedofilia leva a Igreja ao fundo do poço

Via Blog do Noblat - 14.04.2010

Do blog de Ricardo Kotscho:

Quanto mais tenta justificar a enxurrada de acusações de pedofilia contra padres e bispos em diferentes regiões do mundo, mais a Igreja Católica Apostólica Romana se afunda no poço das suas contradições.

A última agora foi esta inacreditável declaração feita terça-feira, em Santiago do Chile, pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, o segundo homem na hierarquia da Igreja:

“Muitos psicólogos e psiquiatras demonstraram que não há relação entre celibato e pedofilia, mas outros demonstraram que há entre homossexualidade e pedofilia”.

De onde ele tirou isso? Quais psicólogos e psiquiatras chegaram a esta conclusão? E o que leva membros do clero à homossexualidade?

Mesmo sem ser um estudioso do assunto, qualquer leigo pode concluir que é mais provável o celibato levar à homossexualidade, ao obrigar homens e mulheres a conviverem unicamente com pessoas do mesmo sexo nos conventos e seminários. Mas de onde este cardeal foi tirar a ligação entre homossexualidade, uma orientação sexual, e pedofilia, um crime hediondo, em qualquer lugar do mundo?

Em pleno século 21, o celibato obrigatório na igreja é uma das maiores aberrações e hipocrisias que ainda resistem ao tempo de mudanças em que vivemos.

Setores cada vez mais amplos da própria Igreja são contra esta instituição, que não está em nenhum lugar das escrituras sagradas, mas têm receio de se manifestar publicamente contra um dogma defendido pelo papa Bento 16, o mais retrógado e autoritário chefe da Igreja dos tempos modernos.

O prório Bento 16 já foi denunciado pela imprensa americana, com a revelação de documentos do Vaticano, por ter acobertado ao menos dois casos de pedofilia, quando ainda comandava a Congregação para a Doutrina da Fé, na época responsável pela expulsão da Igreja do frade brasileiro Leonardo Boff.

As denúncias crescem em progressão geométrica desde que foi aberta uma linha telefônica, em março, na Alemanha, terra natal do Papa, para receber denúncias anônimas por vítimas de pedofilia.

Quase 15 mil denúncias foram feitas em apenas uma semana, o mesmo número de um relatório da Igreja Católica na Irlanda, publicado no ano passado, segundo informa a repórter Luciana Coelho, da Folha, em Genebra.

Sem saber o que fazer diante do tsunami de denúncias de abusos contra padres e religiosos, e como não é mais possível esconder os malfeitos, a Igreja já atirou para todos os lados, pediu desculpas, anunciou que fará rigorosas investigações e que as vitimas devem ser indenizadas, mas a cada dia que passa a situação fica pior, como nesta manifestação do cardeal Bertone.

Em Santiago ainda, sem citar as fontes de onde tirou suas conclusões, o vice do Papa foi mais longe e afirmou que a pedofilia é “uma patologia que aparece em todos os tipos de pessoas e, nos padres, em um grau menor em termos percentuais”. Continua