quarta-feira, 28 de abril de 2010

Desabafo profissional

Por Leila Cordeiro - 26.04.2010

Sabe aquela história do Cansei? Agora quem cansou fui eu! E vou começar como manda o figurino!
Oi gente! Meu nome é Leila Cordeiro, sou jornalista brasileira e trabalhei como âncora no Brasil nas principais emissoras de TV por duas décadas. Confesso que contei até 1000 pra chegar até esse relato, e pra você entender o porque de todo esse meu desabafo, vou começar contando, ( rapidinho não se assuste), o que aconteceu comigo como profissional.
No auge da minha carreira vim para os EUA a convite da CBS Americana para ancorar o primeiro canal de noticias em portugues feito no exterior e quando ele acabou acabei ficando aqui por causa dos filhos.
Na época, e isso estou falando no início do novo milênio, em 2000, eles já estavam bem encaminhados em escolas públicas, onde não se pagava nada, nem os livros e resolvi então, continuar nos EUA para investir na educação das crianças.
É incrível como o tempo passa depressa quando você abre mão da sua vida profissional em nome da pessoal. E se você me perguntar se eu me arrependo, eu vou dizer a você que nem um só “issozinho”. Sabe porque? Porque além dessa educação gratuita e de qualidade, parece que a família ficou mais unida, acho que passei a ser uma mãe ainda melhor e mais presente, acompanhando o passo a passo do crescimento dos meus filhos.
Hoje a Ana Beatriz , a mais velha com 26 anos, é jornalista em North Carolina e vai pra Dinamarca onde cursará pós- graduação de Relações Internacionais e Lucas que está entrando na Universidade em Orlando para cursar Engenharia de computação aos 18 anos.
A sensação do dever cumprido com os filhos não tem igual! Não foi nada fácil, mas valeu a pena. Afinal éramos nós e só nós para bancar as despesas, o dia a dia, sem nenhum “patrocinador”pra ajudar. Sobrevivência pura!
Pois é, aí que começa a minha verdadeira saga da rejeição. Não sou ingênua para pensar que depois de tantos anos fora do mercado de jornalismo de TV no Brasil, meu lugar estaria ali, intacto, esperando a minha volta depois de eu ter resolvido minhas opções pessoais. Muito menos que estariam todos dispostos a me receber de braços abertos como uma grande (ex) estrela!
Sei que a fila andou e eu, com certeza, estou nos últimos lugares dela por ter ficado afastada tanto tempo. Essa é a penalidade máxima do mercado e pronto!
Mas pensei que, pelo menos, em respeito ao que que eu já havia feito no telejornalismo brasileiro, as pessoas que mandam no jornalismo das emissoras hoje, poderiam me levar de volta às telas, nem que fosse através de um free-lance.Que nada! Nem assim ! Continua