terça-feira, 13 de abril de 2010

Condenado por morte de Dorothy Stang, Bida único mandante de crime agrário preso no Pará

Via FolhaOnline - Por JOÃO CARLOS MAGALHÃES da Agência Folha, em Belém
13.04.2010

O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi condenado no final da noite de ontem em Belém (PA) a 30 anos de reclusão por ter mandado matar a missionária norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang, há cinco anos.

Após mais de 14 horas de julgamento, Bida foi considerado pela maioria dos sete jurados autor de homicídio duplamente qualificado (por ter havido promessa de recompensa e recurso que impossibilitou a defesa) com o agravante da vítima ser idosa --ao morrer, com seis tiros numa estrada de terra de Anapu, Stang tinha 73 anos.

O juiz Raimundo Moisés Flexa disse na sentença que a personalidade de Bida é "perversa e covarde" e a religiosa, por sua vez, era "uma anciã indefesa".

Os atos do fazendeiro "negam a própria racionalidade humana", afirmou o magistrado a uma plateia de apoiadores de Stang, que rezavam de mãos dadas e comemoravam de maneira comedida.

Com isso, Bida continua sendo o único mandante de crime agrário a estar preso no Pará, Estado com o histórico fundiário mais violento do país.

No final do mês, Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, o outro acusado de ser o mandante da morte de Stang, em associação com Bida, deve ir ao júri pela primeira vez.

Já o julgamento de ontem do fazendeiro foi seu terceiro. No primeiro, em 2007, também foi condenado. Teve uma pena idêntica.

Beneficiando-se de uma brecha na lei da época, que permitia a quem fosse sentenciado a mais de 20 anos ter um novo júri, ele voltou ao banco dos réus há cerca de dois anos, quando foi absolvido --o que provocou uma nova onda de acusações de impunidade em relação a crimes no campo paraense. Continua