07.01.2011
Derivados de ovos com dioxina foram possivelmente exportados para o Reino Unido. Sobe número de estados afetados na Alemanha. Políticos criticam falta de informações para consumidor. Agricultores exigem indenização.
O escândalo das rações animais envenenadas com a substância cancerígena dioxina ultrapassa as fronteiras da Alemanha. A Comissão Europeia comunicou nesta quinta-feira (06/01) a possibilidade de que derivados contaminados tenham sido exportados da Alemanha para o Reino Unido.
Segundo o órgão europeu, 86 mil ovos presumivelmente contendo dioxina teriam sido vendidos à Holanda, lá misturados com outros ovos e processados industrialmente. Os produtos resultantes – ainda não se sabe se maionese, biscoitos, xampu ou outros – teriam sido exportados para o Reino Unido em 12 de dezembro de 2010. As autoridades britânicas empenham-se para localizar os artigos em questão e interditar sua venda.
Dez estados ao todo
Além disso, numa unidade de engorda no leste do estado de Hessen, foram detectados 320 leitões mantidos com rações contaminadas. Segundo as autoridades estaduais, não há perigo para a saúde dos consumidores.
Também a Secretaria de Agricultura de Baden-Württemberg registrou primeiros indícios de que produtos contendo o cancerígeno possam ter chegado àquele estado no sudoeste da Alemanha. Trata-se tanto de animais de abate quanto de ovos líquidos pasteurizados, fornecidos por produtores da Baixa Saxônia que utilizam a ração em questão.
Assim, sobe para dez o número de estados afetados pelas rações tóxicas, sendo os demais: Baixa Saxônia, Renânia do Norte-Vestfália, Hamburgo, Schleswig-Holstein, Saxônia, Saxônia-Anhalt, Turíngia e Brandemburgo.
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Controle alimentar: “um blefe”
A Renânia do Norte-Vestfália exige medidas de alcance nacional para um maior controle da cadeia de produção de alimentos, tendo requerido, para isso, uma sessão extraordinária de todos os secretários estaduais do país encarregados da defesa do consumidor.
“O presente escândalo de rações contaminadas com dioxina nos expôs mais uma vez os pontos fracos na cadeia dos gêneros alimentícios”, comentou o verde Johannes Remmel, titular da pasta de Agricultura e Defesa do Consumidor da Renânia do Norte-Vestfália. Das 1.500 unidades de produção de alimentos interditadas na Alemanha em decorrência dos casos de contaminação, 154 se encontram nesse estado. Remmel anunciou que, até 2015, pretende duplicar o número de fiscais de alimentos em seu estado.
Segundo o presidente da Federação Alemã de Vigilância Alimentar (BLVK), Martin Müller, seriam necessários até 1.500 profissionais a mais, em todo o país, para exercer uma pressão efetiva sobre o setor.
Müller classifica o atual controle alimentar na Alemanha como “um blefe”: cerca de 2.500 fiscais são responsáveis por mais de 1 milhão de empresas, em determinadas regiões há apenas um funcionário para até 1.200 unidades de produção. Em consequência, a metade das empresas do país não é submetida a qualquer sindicância, no espaço de um ano. Continua