Por Jamil Chade
13.01.2011
Dissidentes iranianas comemoram as declarações do governo brasileiro sobre as violações de direitos humanos no Irã e esperam agora que Brasília transforme seu discurso em uma nova posição nas votações de resoluções na ONU sobre a situação em Teerã.
Em sua edição de ontem, o Estado revelou que o governo iraniano protestou, com um telefonema para a Embaixada do Brasil em Teerã, contra as críticas feitas pela presidente Dilma Rousseff à situação dos direitos humanos no Irã.
Em declaração por telefone, uma das principais dissidentes, Khadijeh Moghaddam, disse que a nova posição do Brasil, sob o governo Dilma, em relação às mulheres no Irã tem encontrado "importante repercussão" no movimento de oposição formado por mulheres em território iraniano e a reação do governo demonstra seu "desconforto". "Estamos muito satisfeitas em ver declarações vindas do Brasil de que a brutalidade contra mulheres será pelo menos questionada publicamente", afirmou a dissidente, que é uma das que comandam campanhas pela libertação de advogadas presas no Irã.
Moghaddam falou ao Estado em nome do movimento conhecido como "Um Milhão de Assinaturas" - uma campanha para reunir o apoio das mulheres iranianas contra a forma como são tratadas pelo regime. O projeto foi lançado em 2006, quando um grupo de mulheres passou a protestar para tentar fazer com que as leis do país fossem mudadas para garantir direitos iguais.
Muitas foram presas e torturadas. Mas a coleta de assinaturas continuou, numa tentativa de demonstrar ao governo que a sociedade estava ao lado delas. Premiada no exterior, a campanha prega que os princípios islâmicos devam também estar coordenados com os direitos básicos da mulher reconhecidos pelas Nações Unidas. Continua