04.01.2011
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) quer avaliar o laudo com a análise da fuligem expelida pela Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), no entorno da usina, em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro, no fim de dezembro.
De acordo com o pneumologista Hermano de Castro, chefe do ambulatório de Doenças Pulmonares Ambientais e Ocupacionais da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), ligada à Fiocruz, o material pode conter, além de elementos que irritam o aparelho respiratório, como o grafite, outros metais que podem provocar câncer no longo prazo. Ele informou que a Fiocruz enviou ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) um ofício solicitando as informações.
Técnicos do Inea coletaram amostras das partículas expelidas, mas, segundo a assessoria de imprensa do órgão, ligado à Secretaria Estadual do Ambiente, ainda não há previsão de quando o resultado da análise laboratorial ficará pronto.
“Precisamos ter uma avaliação qualitativa e quantitativa desse material que foi coletado pelos técnicos do Inea. Poeira de siderurgia pode não ser só grafite. A literatura de vazamento de siderurgias revela que, em geral, há uma composição de metais variados, como zinco e cromo, que podem ser mais graves à saúde. Também precisamos avaliar o percentual de fração respirada pela população”, afirmou Castro, em entrevista à Agência Brasil.
Segundo ele, mesmo que a fuligem tenha sido formada apenas por grafite, principalmente crianças e idosos podem ter quadros de asma e bronquite agravados, além de irritações na pele. “Mesmo que seja só grafite, as pessoas não devem respirar grafite, as pessoas não vivem respirando grafite achando que isso é inerte”, acrescentou.
O pneumologista também ressaltou que, além da poeira visível, existem as partículas menores que, dependendo do tamanho, podem chegar aos alvéolos pulmonares e aumentar as chances do desenvolvimento de câncer. “As partículas maiores vão irritar o nariz, a traqueia, a parte mais grossa do brônquio. Mas as menores podem chegar até os alvéolos e, aí, a consequência é pior porque metais desse tamanho podem ser cancerígenos no futuro”, explicou. Continua