terça-feira, 14 de setembro de 2010

Estudos avaliam impacto da publicidade no consumo de alimentos e medicamentos

Via Eco Debate
Por Raquel Júnia, da Agência Fiocruz de Notícias
14.09.2010

O uso irracional e abusivo de medicamentos, influenciado pela publicidade, tem feito com que esses produtos sejam o principal agente de intoxicação humana registrado no SUS

Mundial de futebol, na África do Sul. Em todo o mundo, a estimativa é de que 33 bilhões de pessoas tenham assistido aos jogos via televisão. Além do hino nacional, a escalação dos jogadores, os gols e a torcida, os telespectadores assistiram também a outras imagens – as que vendem produtos, serviços e mensagens, por meio da publicidade. Mas há quem questione a publicidade como vigora hoje, praticamente sem regulamentação.

Para a psicóloga Noeli Godoy, do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, o problema é que a propaganda não vende apenas os produtos, mas a solução enganosa de dificuldades que eventualmente os telespectadores possam ter. “A publicidade incute não só o produto, mas a ideia de que o produto pode suprir a necessidade que você tem em alguma área da sua vida. Por exemplo, alguém que está com problema na área afetiva vê o comercial de cerveja no qual a pessoa bebe e encontra a sua cara metade. Isso é o que vai produzir alguma influência na saúde emocional daquela pessoa”, exemplifica.

Atualmente há poucos mecanismos para se controlar a publicidade no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é responsável por regulamentar e fiscalizar as propagandas de medicamentos, cosméticos, saneantes, alimentos e produtos para a saúde. A regulamentação de outros tipos de publicidade fica a cargo do próprio setor, por meio do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), que reúne empresas de mídia, agências de propaganda e organizações de anunciantes. O conselho superior do Conar é composto por membros indicados por seis entidades fundadoras .

Publicidade e saúde

Trazendo essa discussão para o campo da saúde, a professora-pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), Bianca Marins, estuda como as propagandas de alimentos podem enganar o consumidor. Ela analisou peças publicitárias de produtos com fins especiais, como dietéticos ou aqueles destinados a lactantes. Bianca dá um exemplo: há alimentos cujas peças publicitárias acentuam a existência de componentes que já são inerentes àquele produto, como vitaminas. “É como se, ao consumir aquele produto, a vida do indivíduo pudesse ser mudada, como se fosse uma pílula milagrosa”, comenta. Continua