Via Contemporânea
Por Carla Rodrigues
Nada me cansa ou me irrita mais do que os discursos reacionários que alegam que as mulheres já conquistaram tudo que queriam ou precisavam. Essa retórica em geral é dirigida contra “as feministas” e se baseia em afirmações sobre a “completa emancipação” das mulheres, que hoje já podem “fazer tudo que um homem faz”. O meu problema é: sim, podemos trabalhar como homens, mas não nos livramos da maneira como os homens e as instâncias de poder desqualificam as mulheres. Essa coluna é um apanhado de situações cotidianas em que isso acontece. Se você, leitora, tem outras experiências de discriminação, use a caixa de comentários para enviá-las.
1 – Duas mulheres sozinhas em um restaurante bacana. O garçom atende mal, não dá atenção à mesa, baseado em algumas suposições preconceituosas:
a) mulher gasta pouco, mesa boa de atender é a que tem homem;
b) fala muito, se eu atender bem não vão embora;
Em geral, o garçom também não oferece a carta de vinho, baseado na suposição de que as mulheres só bebem vinho quando o homem escolhe (porque ele sabe escolher) e porque ele vai pagar a conta. Resultado: em restaurante bom, mulher ainda é praticamente invisível. Em restaurante médio, mulher sozinha é totalmente invisível.
Tudo que se passa na cena de um restaurante tem a ver com a mais antiga das suposições, a de que lugar de mulher é em casa. Continua
Leia também:
- Banco de Notícias
- Dilma diz que corrupção também atingiu Meio Ambiente na época de Marina
- Em debate, Marina e Serra clamam por segundo turno
- Se Alckmin perder mais 5 pontos, haverá 2º turno em SP
- Após pedido de governador, marcha contra a pedofilia é dispersada em Manaus