quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Omissão frente às queimadas no MT

Via O ECO
Por Andreia Fanzeres
14.09.2010

Quando este ano começou, todo mundo sabia que o Cerrado arderia em chamas como ou pior do que em 2007. Três anos atrás, era tanta fumaça saindo dos incêndios na região do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães que somada à nuvem proveniente do norte do estado, transformaram Cuiabá num paiol venenoso. Por dois meses, o aeroporto da cidade operou com as luzes noturnas ligadas ininterruptamente. Em 2010, parou de chover mais cedo, no início do mês de abril. A vegetação, que não sofreu com muitas queimadas nos últimos dois anos, cresceu dentro e fora do parque. O acúmulo de combustível virou uma bomba-relógio na mão de gente que não consegue relacionar o céu cinza e o ar poluído que respira com o fogo que ateia para queimar folhas e lixo. Dentro e fora da área urbana. Bastou esquentar e a umidade cair para que as ações contínuas da população de atear fogo transformassem o hábito criminoso em catástrofes.

Em agosto, passei uma longa temporada fora de Mato Grosso, o que ajudou a proteger minha filha de apenas 4 meses do ar poluído e da fuligem que diariamente entra pelas portas e janelas da nossa casa. Mas em setembro, precisamos voltar e desde então estamos convivendo com situações vergonhosas e revoltantes.

Desde que mundo é mundo, Brasil é Brasil e Mato Grosso é Mato Grosso, queima-se propositalmente na época mais seca do ano. Seja para renovar o pasto, na inconseqüente ilusão de que a vegetação crescerá mais forte, ou para se livrar de qualquer tipo de coisa que esteja sobrando no quintal dos moradores. Nessa época, acidentes também acontecem. Mas a partir do momento em que se conhece o problema e não são tomadas medidas preventivas, o acidente passa a virar omissão e negligência. Faíscas de motocicletas que provocam erosões em caminhos abertos ilegalmente dentro do parque de Chapada já tinham sido suspeitos de causarem um dos incêndios de 2007. Hoje, em plena seca e com o estado ardendo em brasas, quem diria, os ralis continuam impunemente dentro da unidade de conservação, que foi novamente atingida pelo fogo de forma tão grave que sequer houve tempo de contabilizar os prejuízos. Continua