sábado, 25 de setembro de 2010

Lógica da aprendizagem ainda é distante da realidade das crianças, diz representante da Unesco

JC e-mail 4103, de 24 de Setembro de 2010.
Lógica da aprendizagem ainda é distante da realidade das crianças, diz representante da Unesco


Para Vincent Defourny, modelo de educação que atenda às atuais necessidades do país ainda está em construção

Mais de mil educadores reuniram-se em Fortaleza (CE) para discutir o atual modelo de educação e pensar em novas formas de ensinar crianças e jovens. O debate é inspirado na obra do filósofo e sociólogo francês Edgar Morin, que falou na terça-feira (21) para uma plateia entusiasmada.

Morin defende que é preciso mudar a forma de ensinar para que seja possível enfrentar os atuais desafios do mundo. Ele critica a fragmentação do conhecimento em disciplinas e a falta de conexão do aprendizado com a realidade.

Esse conceito também é compartilhado pela Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que promoveu o evento em Fortaleza em parceria com a Universidade Estadual do Ceará (Uece).

O representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny, aponta que todo o mundo está pensando na reforma dos sistemas de ensino, mas que a tarefa é mais fácil em locais como o Brasil, onde o modelo de educação que atenda às atuais necessidades do país ainda está em construção.

Em entrevista à Agência Brasil, Defourny afirma que é preciso buscar uma escola que reflita a realidade dessa geração:

- A obra de Edgar Morin indica que é necessário transformar o ensino para que crianças e jovens possam enfrentar os atuais desafios do mundo. Como isso se aplica de forma prática na escola?

Para que o pensamento de Morin seja realidade é preciso um conjunto de coisas. É necessária uma transformação profunda na forma de ensinar, na forma de trabalhar na escola, na interação com a comunidade. E como se faz isso exatamente? É importante motivar os educadores a imaginar coisas a partir dos sete saberes de Morin, aprender a lidar com a criatividade, com as incertezas, com as conexões múltiplas do ensino com o mundo. Acho que dá para fazer muitas coisas já no marco da grade curricular e nas atividades extraclasse. Mas colocar o pensamento de Morin em prática, ao pé da letra, é uma revolução.

- Morin critica a fragmentação excessiva do conhecimento e defende que o ensino deve fazer a conexão entre as várias disciplinas para que o aprendizado faça mais sentido. Como transformar isso, já que no Brasil temos um currículo bastante fragmentado? Continua

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