Por Rizzatto Nunes
De São Paulo
Tentei evitar, mas como testemunha, sou obrigado a começar meus artigos deste ano que tratam de abusos reais narrando o que vai abaixo.
Aqui nesta coluna, por mais de uma vez, comentei o desrespeito que existe quanto ao direito ao sossego de que gozam as pessoas. Também já apontei mais de uma vez a característica "selvagem" do capitalismo contemporâneo, que nada vê pela frente na sanha de buscar obter mais lucro, custe o que custar. Como diz Octávio Paz, "o mercado sabe tudo sobre preços, nada sobre valores", ao que eu acrescento que pouco sabe sobre o respeito à dignidade da pessoa humana.
Muito bem. Hoje conto um caso real, infelizmente, de abuso incrível. O Grupo Pão de Açúcar, ou melhor, a Companhia Brasileira de Distribuição, na sua sede de se tornar cada vez maior (O capital atualmente declarado é de R$5.374.750.648,18 - Cinco bilhões, trezentos e setenta e quatro milhões, setecentos e cinquenta mil, seissentos e quarenta e oito reais e dezoito centavos), abriu mais uma filial. Fica na Rua Tito, 639, Vila Romana, Lapa. Até aí, nada de mais.
A construção da loja foi feita a toque de caixa, numa velocidade incrível. E a loja já foi inaugurada. Mas, sabe você leitor o que está acontecendo com os vizinhos? Eles não dormem já há mais de duas semanas e mesmo durante o dia não têm qualquer sossego. Na parte de trás, que dá para a Rua Camilo, foram colocadas algumas "turbinas" que provavelmente servem para a manutenção refrigerada da loja e que produz um som altíssimo que não deixa ninguém em paz. Continua