Deu em O Globo
De José Meirelles Passos:
Milhares de brasileiros vêm doando mantimentos, roupas e dinheiro, para socorrer as vítimas do terremoto no Haiti. Mas um casal de Niterói — o pediatra Paulo Cesar Dias da Costa e sua mulher, Gilda — escolheu uma outra forma de ajudar: quer adotar uma criança daquele país.
Segundo o Comitê dos Direitos da Criança, da Organização das Nações Unidas (ONU), antes daquela tragédia já havia cerca de 380 mil órfãos no país.
— Por isso estamos muito preocupados com a possibilidade de acontecerem sequestros disfarçados como adoções — disse um porta-voz do comitê.
Paulo Cesar e Gilda, que já têm um casal de filhos adultos, ficaram sensibilizados ao ver imagens de crianças vagando sozinhas entre os destroços em Porto Príncipe. E ontem decidiram procurar a organização não-governamental Viva Rio, que tem representantes no Haiti, para saber o que precisam fazer para adotar uma delas legalmente.
— Não importa se será menino ou menina. Só achamos que seria melhor que fosse de até 2 anos, pois teria mais facilidade em aprender a nossa língua e a adaptação seria mais tranquila — disse Gilda ao GLOBO.
Até o início da noite ela não tinha tido êxito no contato com aquela ONG — "Devem estar sobrecarregados com o recolhimento de doações" — mas disse que continuaria insistindo hoje. Esperançoso, o casal já escolheu inclusive os nomes: Bernard ou Camille.
— Queremos dar um destino, uma vida melhor e um sentido para uma criança que perdeu toda a família e todas as suas referências — disse ela.
O governo da Holanda enviou um avião ontem a Porto Príncipe para buscar 109 órfãos haitianos que já estavam em processo de adoção. Cem delas, cujos documentos de saída dependiam $de uma medida burocrática, têm casais à sua espera. As outras nove crianças serão entregues temporariamente a famílias até que sejam encontrados pais permanentes para elas.
— Nós conhecemos essas crianças. Não saímos simplesmente apanhando crianças nas ruas para trazer para a Holanda — disse Patrick Mikkelsen, porta-voz do Ministério de Justiça da Holanda.
Sua declaração tinha a ver com o alerta feito horas antes pelo Comitê dos Direitos da Criança, da ONU, às autoridades que coordenam os trabalhos de assistência aos haitianos: "Alarmado pelas recentes informações que dão conta de saques e violência, solicitamos medidas eficazes para proteger as crianças contra todas as formas de violência e exploração, incluindo a violência sexual e os sequestros encobertos pela adoção", dizia o comunicado. Leia mais em O Globo