sábado, 2 de janeiro de 2010

Em defesa do curso de pedagogia da Unicamp, artigo de Ângela Fátima Soligo, Maria Márcia Sigrist Malavasi e Sérgio Antonio da Silva Leite

Via JC e-mail 3920, de 30 de Dezembro de 2009

"Fomos neste ano alvo de injustas críticas por parte da cúpula que administra os destinos do ensino público paulista"

Ângela Fátima Soligo é ex-coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp. Maria Márcia Sigrist Malavasi é coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp. Sérgio Antonio da Silva Leite diretor da Faculdade de Educação da Unicamp. Artigo publicado na "Folha de SP":

Os cursos de pedagogia das faculdades de educação da Unicamp e da USP foram neste ano alvos de injustas críticas por parte da cúpula que administra os destinos do ensino público paulista.

O sr. secretário da Educação, economista Paulo Renato Souza, ao defender a política meritocrática proposta pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, tem atribuído grande responsabilidade pelo despreparo dos professores à sua formação na graduação, apontando nominalmente as duas faculdades citadas.

Afirma o sr. secretário: "No lugar de ensinarem didática, as faculdades de educação optam por se dedicar a questões mais teóricas. Acabam se perdendo em debates (...) cujo ideário predominante não passa de um marxismo de segunda ou terceira categoria... A resistência vem de universidades como USP e Unicamp, as maiores do país". Continua

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Leia também a entrevista com a antropóloga Eunice Durham:

FÁBRICA DE MAUS PROFESSORES
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Trechos da referida entrevista:

- Sua pesquisa mostra que as faculdades de pedagogia estão na raiz do mau ensino nas escolas brasileiras. Como?

As faculdades de pedagogia formam professores incapazes de fazer o básico, entrar na sala de aula e ensinar a matéria. Mais grave ainda, muitos desses profissionais revelam limitações elementares: não conseguem escrever sem cometer erros de ortografia simples nem expor conceitos científicos de média complexidade. Chegam aos cursos de pedagogia com deficiências pedestres e saem de lá sem ter se livrado delas. Minha pesquisa aponta as causas. A primeira, sem dúvida, é a mentalidade da universidade, que supervaloriza a teoria e menospreza a prática. Segundo essa corrente acadêmica em vigor, o trabalho concreto em sala de aula é inferior a reflexões supostamente mais nobres.”

- Quais os efeitos disso na escola?

Quando chegam às escolas para ensinar, muitos dos novatos apenas repetem esses bordões. Eles não sabem nem como começar a executar suas tarefas mais básicas. A situação se agrava com o fato de os professores, de modo geral, não admitirem o óbvio: o ensino no Brasil é ainda tão ruim, em parte, porque eles próprios não estão preparados para desempenhar a função.”