quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Adolescente abrigado enxerga rua como proteção

Via Agência USP de Notícias
Por Glenda Almeida
25.11.2010


A rua é vista como proteção,
onde as vítimas sentem-se mais fortes e resistentes
Estudo da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP revelou o que adolescentes que sofreram violência familiar e foram encaminhados para abrigo passam a considerar como fatores que os protegem, auxiliando na reconstrução de suas vidas diante do sofrimento e dos problemas, ou seja, na resiliência. A “rua”, a rede social externa, o vínculo de confiança com alguns profissionais do abrigo, a religiosidade e a existência da “família extensa” apresentaram-se como principais fatores de proteção.

Segundo Diene Monique Carlos, autora da dissertação Fatores de proteção sob ótica de adolescentes vítimas de violência doméstica e abrigados – subsídios para a construção da resiliência, a família é considerada a primeira e principal barreira de proteção de crianças e adolescentes. Quando acontece a violência familiar e esta barreira é derrubada, o que era proteção torna-se risco. A partir desse momento, as vítimas passam a procurar outras “barreiras” que também cumpram o papel de modificar suas respostas aos riscos que as cercam.

A Rua
Contrariando o senso comum, uma descoberta levantou a curiosidade da autora: o espaço da rua foi considerado pelos jovens abrigados como lugar acolhedor, onde eles poderiam sentir-se seguros e protegidos.

De acordo com a pesquisa, diversos fatores, segundo Diene, colaborariam para a ideia da rua como “porto seguro” das vítimas de violência. Quando saem de suas casas, os adolescentes veem a rua como o primeiro, e muitas vezes único, lugar de convivência. Novas amizades aparecem e o adolescente se identifica com outros que também vivenciaram situações semelhantes.

“Esse reconhecimento, faz com que a vítima se sinta abraçada, recebida”, descreve a pesquisadora. As drogas aparecem neste contexto representando uma possibilidade de escape, de esquecer os problemas graves que assombraram suas vidas, de preencher o vazio. Continua