Por Glenda Almeida
25.11.2010
A rua é vista como proteção, onde as vítimas sentem-se mais fortes e resistentes |
Segundo Diene Monique Carlos, autora da dissertação Fatores de proteção sob ótica de adolescentes vítimas de violência doméstica e abrigados – subsídios para a construção da resiliência, a família é considerada a primeira e principal barreira de proteção de crianças e adolescentes. Quando acontece a violência familiar e esta barreira é derrubada, o que era proteção torna-se risco. A partir desse momento, as vítimas passam a procurar outras “barreiras” que também cumpram o papel de modificar suas respostas aos riscos que as cercam.
A Rua
Contrariando o senso comum, uma descoberta levantou a curiosidade da autora: o espaço da rua foi considerado pelos jovens abrigados como lugar acolhedor, onde eles poderiam sentir-se seguros e protegidos.
De acordo com a pesquisa, diversos fatores, segundo Diene, colaborariam para a ideia da rua como “porto seguro” das vítimas de violência. Quando saem de suas casas, os adolescentes veem a rua como o primeiro, e muitas vezes único, lugar de convivência. Novas amizades aparecem e o adolescente se identifica com outros que também vivenciaram situações semelhantes.
“Esse reconhecimento, faz com que a vítima se sinta abraçada, recebida”, descreve a pesquisadora. As drogas aparecem neste contexto representando uma possibilidade de escape, de esquecer os problemas graves que assombraram suas vidas, de preencher o vazio. Continua