Odilon Rios
— Quanto é oito dividido por quatro?
— Não sei, preciso da ajuda de um papel — disse o estudante, que fez o vestibular da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e espera pelo resultado, que sairá em janeiro.
— Não sei como passei de ano. Algumas vezes, colei nas provas de matemática. Não entra na minha cabeça. É difícil.
Evanildo é o retrato das estatísticas. Levantamento do Pisa mostra que Alagoas está na lanterna quando o conhecimento avaliado é em matemática, leitura e ciências.
A Escola Estadual Tavares Bastos, onde Evanildo estuda, é considerada uma das melhores e mais disputadas do estado, modelo de inclusão de jovens com deficiência de aprendizado, como autistas e surdos-mudos.
Com 24 anos de profissão, a diretora da escola, Rosa Maria Lemos Barbosa, diz acreditar que o mau desempenho dos alunos alagoanos pode ser explicado por problemas como a falta de merendeira nas escolas:
— Os alunos chegam à escola com fome. E ao tentar estudar, vem logo o sono, a dor de cabeça e a dificuldade de aprender. Minha escola só tem duas merendeiras para 400 refeições por dia, juntando os três horários em que funciona. Dando condições aos alunos, escolas em tempo integral e amor, principalmente amor, nós sairemos do último lugar, com o pior ensino do Brasil — disse.
fonte: blog do Noblat