quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Em Alagoas, aluno do 3º ano não sabe dividir 8 por 4

‘Preciso da ajuda de um papel’

Odilon Rios

Evanildo da Silva Costa, de 18 anos, cursa o 3º ano do ensino médio na Escola Estadual Tavares Bastos, em Maceió. Ele não sabe como conseguiu chegar tão longe. O jovem, que sonha em cursar educação física, não sabe uma simples conta de dividir.

— Quanto é oito dividido por quatro?

— Não sei, preciso da ajuda de um papel — disse o estudante, que fez o vestibular da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e espera pelo resultado, que sairá em janeiro.

— Não sei como passei de ano. Algumas vezes, colei nas provas de matemática. Não entra na minha cabeça. É difícil.

Evanildo é o retrato das estatísticas. Levantamento do Pisa mostra que Alagoas está na lanterna quando o conhecimento avaliado é em matemática, leitura e ciências.

A Escola Estadual Tavares Bastos, onde Evanildo estuda, é considerada uma das melhores e mais disputadas do estado, modelo de inclusão de jovens com deficiência de aprendizado, como autistas e surdos-mudos.

Com 24 anos de profissão, a diretora da escola, Rosa Maria Lemos Barbosa, diz acreditar que o mau desempenho dos alunos alagoanos pode ser explicado por problemas como a falta de merendeira nas escolas:

— Os alunos chegam à escola com fome. E ao tentar estudar, vem logo o sono, a dor de cabeça e a dificuldade de aprender. Minha escola só tem duas merendeiras para 400 refeições por dia, juntando os três horários em que funciona. Dando condições aos alunos, escolas em tempo integral e amor, principalmente amor, nós sairemos do último lugar, com o pior ensino do Brasil — disse.


fonte: blog do Noblat