Há realmente uma fronteira sem fim?, editorial da 'Science'
"O mais surpreendente é que sempre que a ciência aumenta a nossa compreensão do mundo"
Leia o editorial da revista 'Science' sobre os principais avanços da ciência em 2010, assinado pelo editor-chefe Bruce Alberts, na tradução do jornalista, jurista e chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais do Ministério da C&T, José Monserrat Filho:
"A glória, neste ano, coube à primeira máquina quântica - um cantilever (estrutura de armazenagem) microscópico engenhosamente reduzido a seu nível de energia mais baixo possível, o estado quântico fundamental. O resultado pode levar a detectores com força ultra sensível e a formas de controlar as vibrações mecânicas de um objeto tão habilmente quanto hoje controlamos a eletricidade e a luz. Também se anunciam novas pesquisas em um dos grandes mistérios da física: o abismo que separa o universo dos objetos familiares e o universo bizarro da mecânica quântica.
Neste ano, houve outras conquistas notáveis, como a primeira célula com genoma sintético e a decifração de grande parte da sequência do genoma de nosso parente próximo, há muito extinto, o Neandertal. E, por fim, na luta contra a AIDS, um novo gel microbicida que reduz o risco de uma mulher infectar-se com o HIV.
Esse problema também acrescenta algo novo: um olhar para os últimos 10 anos, destacando 10 grandes "insights científicos da década". Como se enfatizou, a maioria dos insights têm se baseado no desenvolvimento contínuo de métodos cada vez mais poderosos para pesquisar o mundo. Ajudado por novos instrumentos para estudar o espaço e analisar as moléculas de que os seres humanos são feitos, entre muitos outros, a marcha das descobertas científicas acelera-se constantemente.
Mas, pelo visto, o mais surpreendente é que sempre que a ciência aumenta a nossa compreensão do mundo, surgem novos grandes mistérios que precisam ser decifrados - da "energia escura" ao "genoma escuro", apenas na última década. Além disso, as descobertas em uma área podem criar novas possibilidades para descobertas em outra. Assim, a descoberta de água em Marte abre a excitante possibilidade de se descobrir uma forma de vida primitiva no planeta, capaz de propiciar melhor compreensão de nossas próprias origens. Continua