segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Dilma diz que discorda de posição brasileira sobre Irã

Via Blog do Josias de Souza
05.12.2010



Em entrevista ao jornal 'Washington Post', Dilma Rousseff deixou claro que vai alterar os rumos das relações do Brasil com o Irã.

Dilma foi inquirida sobre a decisão do Itamaraty de se abster na votação em que o Comitê de Direitos Humanos da ONU aprovou resolução contra o Irã.

O texto passou em 18 de novembro. Obteve 80 votos a favor e 44 contra. Houve 57 abstenções, entre elas a do Brasil. Ouça-se o que disse Dilma ao 'Post':

"Não sou presidente do Brasil, mas me sentiria desconfortável como uma mulher presidente eleita em não dizer nada contra o apedrejamento...”

“...Minha posição não vai mudar quando eu tomar posse. Eu não concordo com a forma como o Brasil votou. Não é a minha posição".

Coube a Lally Weymouth entrevistar Dilma. Filha de Katherine Graham, publisher do jornal, ela injetou o Irã na conversa já nas primeiras perguntas.

De saída, indagou a Dilma se o fato de ter sido prisioneira política a tornara simpática a pessoas que atravessam o mesmo drama.

E Dilma: “Não há nenhuma dúvida sobre isso”.

A entrevistadora perguntou, então, como o Brasil apoia o Irã, país que permite o apedrejamento de pessoas e recolhe jornalistas ao cárcere.

Ao responder, Dilma cuidou de esclarecer que considera importante a estratégia brasileira de busca da paz no Oriente Médio.

O que se vê na região, disse Dilma, “é a falência de uma política, a política da guerra”.

Referiu-se especificamente ao Afeganistão e “ao desastre que foi a invasão do Iraque” pelos EUA. Disse que o Iraque vive hoje uma “guerra civil”.

Feito o preâmbulo, foi ao miolo da pergunta. De novo, soou peremptória na condenação aos métodos que vigoram no Irã:

"Eu não endosso o apedrejamento. Eu não concordo com práticas que têm características medievais contra as mulheres...”

“....Não há meio termo. Eu não vou fazer nenhuma concessão nessa matéria". Continua


Imagem: Jorge Araújo/Folha