05.12.2010
Dilma foi inquirida sobre a decisão do Itamaraty de se abster na votação em que o Comitê de Direitos Humanos da ONU aprovou resolução contra o Irã.
O texto passou em 18 de novembro. Obteve 80 votos a favor e 44 contra. Houve 57 abstenções, entre elas a do Brasil. Ouça-se o que disse Dilma ao 'Post':
"Não sou presidente do Brasil, mas me sentiria desconfortável como uma mulher presidente eleita em não dizer nada contra o apedrejamento...”
“...Minha posição não vai mudar quando eu tomar posse. Eu não concordo com a forma como o Brasil votou. Não é a minha posição".
Coube a Lally Weymouth entrevistar Dilma. Filha de Katherine Graham, publisher do jornal, ela injetou o Irã na conversa já nas primeiras perguntas.
De saída, indagou a Dilma se o fato de ter sido prisioneira política a tornara simpática a pessoas que atravessam o mesmo drama.
E Dilma: “Não há nenhuma dúvida sobre isso”.
A entrevistadora perguntou, então, como o Brasil apoia o Irã, país que permite o apedrejamento de pessoas e recolhe jornalistas ao cárcere.
Ao responder, Dilma cuidou de esclarecer que considera importante a estratégia brasileira de busca da paz no Oriente Médio.
O que se vê na região, disse Dilma, “é a falência de uma política, a política da guerra”.
Referiu-se especificamente ao Afeganistão e “ao desastre que foi a invasão do Iraque” pelos EUA. Disse que o Iraque vive hoje uma “guerra civil”.
Feito o preâmbulo, foi ao miolo da pergunta. De novo, soou peremptória na condenação aos métodos que vigoram no Irã:
"Eu não endosso o apedrejamento. Eu não concordo com práticas que têm características medievais contra as mulheres...”
“....Não há meio termo. Eu não vou fazer nenhuma concessão nessa matéria". Continua
Imagem: Jorge Araújo/Folha