Dados da Educação desmentem balanço
Documento diz que matrículas e qualidade do ensino médio subiram, o que diverge de informações do próprio MEC
O balanço oficial do governo Lula afirma, no item "educação", que houve "considerável aumento da matrícula" e "melhoria de qualidade no ensino médio". Dados oficiais do próprio Ministério da Educação, porém, divergem dessas conclusões.
Segundo o Censo Escolar, o número de alunos no ensino médio vem caindo: 9,1 milhões em 2003; 8,9 milhões em 2006; e 7,9 milhões em 2009 (último disponível).
Além disso, a qualidade nessa etapa está praticamente estagnada. O Ideb, indicador federal que vai de 0 a 10, mostra que o ensino médio do país foi de 3,4 em 2005 para 3,6 em 2009.
O balanço também cita a aplicação do Pisa, exame que avalia o nível de aprendizagem de jovens de vários países. Entre os piores do mundo, os resultados do Brasil não são apontados no texto.
O balanço, subdividido em seis volumes e que trata da macroeconomia ao combate à corrupção, ignora o maior escândalo de corrupção no governo: o mensalão.
No capítulo, são informadas várias ações investigativas do governo, entre elas as operações Sanguessuga e Vampiros, que foram feitas em ministérios. Mas as ações de investigação nos contratos de publicidade e nos Correios, que originaram a crise, foram ignoradas.
No capítulo econômico, o balanço destaca a expansão da renda, do emprego e do crédito, mas reconhece que a inflação e o deficit nas transações de bens e serviços com o exterior se elevaram no final da administração.
Na área energética, o governo ressaltou que foi feito um novo modelo de comercialização para o setor e houve a retomada do planejamento energético, o que assegurou a oferta de energia ao longo do mandato.
Sempre desprezada ou tratada por Lula como "entrave" ao progresso, a área ambiental acabou se tornando um dos setores em que seu governo teve mais a mostrar.
A maior conquista mencionada no balanço de governo é a redução de 53% na taxa de desmatamento.
As derrotas, porém, foram esquecidas. O governo federal não menciona o decreto do ano passado que permite a destruição da maior parte das cavernas do Brasil ou o adiamento da obrigação de fornecimento de diesel mais limpo.
Sobre a Política Externa, há referência ao acordo nuclear do Irã, selado com Brasil e Turquia. Porém o desfecho é omitido: o acordo não foi aprovado pela ONU.
(Folha de SP, 16/12)