quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ajuda aos pilotos do Legacy

Via blog do Noblat
Por Roberto Maltchik e Paulo Marqueiro, O Globo
21.12.2010


Atendendo aos EUA, diplomata do Itamaraty pediu a juízes por liberação de pilotos americanos

Os Estados Unidos se valeram de diplomatas brasileiros para pressionar o Judiciário a permitir que os pilotos americanos Joseph Lepore e Jan Paladino — que conduziam o jato Legacy quando a aeronave colidiu com o Boeing da Gol, em 29 de setembro de 2006, em Mato Grosso — fossem liberados para voltar para seu país. No acidente, até então o mais grave da aviação comercial brasileira, 154 pessoas morreram, entre passageiros e tripulantes do voo 1907.

Documentos enviados pela embaixada americana em Brasília ao Departamento de Estado dos EUA, revelados pelo grupo WikiLeaks, detalham as gestões para apressar a volta dos pilotos para casa.

Num telegrama confidencial de 17 de novembro de 2006, o conselheiro da embaixada americana Phillip Chicola relata o pedido do cônsul-geral Simon Henshaw ao diretor do Departamento de Comunidades Brasileiras no Exterior, embaixador Manoel Gomes Pereira, para levar aos juízes do Tribunal Regional Federal da 1 Região "suas preocupações" quanto à situação dos pilotos.

"O embaixador Pereira disse que ele levaria nossas preocupações à Corte que analisa o pedido dos pilotos para deixar o Brasil. Ele disse que faria isso oralmente, pois temia que uma comunicação formal por escrito gerasse uma reação contra os pilotos", disse Chicola.

Exatamente uma semana mais tarde, Chicola envia novo telegrama, desta vez para dizer que o diplomata brasileiro mandou o recado. Porém, Gomes Pereira advertiu que a insistência nesse tipo de contato poderia prejudicar os pilotos: "O embaixador Manoel Gomes Pereira ligou para dizer que ele tinha feito contato com dois dos juízes que analisam o recurso dos pilotos, falando de nossa preocupação. Ele alertou que nenhuma outra ação deveria ser feita até a decisão, já que os juízes não gostam de pressões externas."

O GLOBO teve acesso a nove telegramas, cinco deles confidenciais, vazados pelo WikiLeaks sobre o tema. Os documentos mostram que havia temor de que os americanos ficassem retidos por um longo período. Continua