JC e-mail 4832, de 11 de outubro de 2013
Retração de geleira revela floresta milenar escondida no Alasca
Vegetação ficou coberta pelo gelo, que tem diminuído cerca de 52 metros por ano
Depois de mais de mil anos escondida, uma antiga floresta começa a aparecer com a retração da geleira Mendenhall, no Alasca. Seus vestígios estão sendo descobertos numa região que se estende por cerca de 95 quilômetros quadrados. De acordo com a pesquisadora Cathy Connor, professora de geologia da Universidade do Sudeste do Alasca, a vegetação surgiu durante uma outra diminuição da geleira, que deve ter ocorrido entre 1,2 mil e 2,3 mil anos atrás.
- A retração da geleira permitiu que a floresta crescesse no local onde antes havia gelo - disse Cathy ao GLOBO. - Quando o glaciar voltou a se expandir, acabou cobrindo, primeiro, os sedimentos e as partes mais baixas das árvores com lodo, areia e cascalho. Em seguida, o gelo se agarrou às partes superiores das árvores.
O lodo, a areia e o cascalho contribuíram para deixar boa parte das árvores praticamente intactas. Com o aumento atual da temperatura, que derrete o gelo, os troncos estão sendo novamente expostos. Parte da vegetação se conservou na posição vertical entre as camadas de sedimentos. Algumas plantas ainda apresentavam raízes e pedaços de casca.
As árvores que surgem do gelo ainda estão sendo identificadas pelos pesquisadores. Em geral, elas são típicas de clima temperado, sobretudo abeto ou cicuta. A datação das plantas está sendo feita por radiocarbono. A pesquisa ainda será publicada.
A geleira Mendenhall tem derretido cerca de 52 metros por ano. Os moradores que vivem naquela região temem que haja perda de fontes de água doce, além da elevação do nível do mar.
(Cláudio Motta/O Globo)