Por Geraldinho Vieira
10.10.2010
Andei dizendo que neste processo eleitoral inventaram (inventamos) um Brasil que não é o Brasil no qual vivemos. No primeiro turno cada qual construiu e vendeu uma visão de Brasil de acordo com o que lhe era mais adequado a cada hora e a cada lugar em nome da conquista, da vitória.
Não vimos debate. Impossível debater quando não se tem compromisso em encontrar o tal de Brasil Real. Tudo o que tivemos foi um Brasil-Percepção: versões para agradar e desagradar a todos, conforme a dança.
Deu no que deu. Chegamos ao fim do primeiro round entregues à fantasia (e à chantagem por parte de muitos líderes de rebanhos) de que a maior preocupação da população é o aborto... que mentira! Mentira deslavada! Hipocrisia generalizada... Seria excelente se de fato este fosse um debate prioritário, afinal as seqüelas de abortos clandestinos são responsáveis pela segunda maior causa de internação de mulheres no SUS (12 internações por hora...pasmem !).
Se Serra e Dilma fossem de verdade (ambos parecem máscaras de algo que um dia teve alma e opinião) haveriam de juntos vir à público e colocar um fim nesta brincadeira que vai encher de poder - para agora e sempre - os grupos religiosos. Estão negando a si mesmos três vezes, três vezes ao dia. Tudo por um punhado de moedas, digo, de votos...
Na verdade, apenas se os três – Marina, Serra e Dilma – jogarem claro com os cultos, apenas assim o Brasil se manterá laico. É o que se pode esperar de quem quer presidir o país: dizer que o debate sobre aborto passa sim por uma questão da saúde pública e não somente pelo crivo das crenças religiosas, e que falta um debate amplo. É um compromisso que deveriam ter todos os candidatos. Continua
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