sábado, 30 de outubro de 2010

O planeta onde os políticos vivem

Via O ECO
Por Fernando Fernandez
26.10.2010


A disputa eleitoral finalmente está fervendo. As campanhas dos dois candidatos para o segundo turno das eleições presidenciais tomam conta da mídia. O debate das ideias de ambos domina o noticiário. Mas... há alguma coisa estranha! Minha televisão deve estar mostrando imagens da campanha presidencial em algum outro planeta. O planeta daqueles candidatos lá na telinha, claro, não tem problemas ambientais.

Os tais dois candidatos praticamente não falaram nada de questões ambientais no primeiro turno. Assim que começou o segundo turno, ambos juraram que eram ambientalistas desde criancinhas. Pagaram um mico gigantesco, quase um gorila, para tentar abocanhar votos da candidata derrotada no primeiro turno, Marina Silva. Mas agora, nem isso. O pouco que eles dizem sobre questões ambientais é constrangedor, só mostra que eles não têm a menor ideia do que estão falando.

Um planeta sem mudanças climáticas

Em que planeta será que eles vivem? No planeta deles, não há mudanças climáticas globais acontecendo. Não há branqueamento dos corais, não há derretimento das geleiras, não há extremos climáticos cada vez mais frequentes e malucos. Não pode ser o nosso planeta, claro. Ninguém parece perceber o maior e mais urgente problema enfrentado pela humanidade como um todo, não só hoje mas em toda a história. Nunca antes na história do nosso planeta vivemos um desafio assim - mas os políticos nem falam disso. É assustador que as pessoas que hoje disputam a presidência do nosso país não tenham preciosamente nada a dizer sobre mudanças climáticas globais.

No planeta deles os frequentes e trágicos desabamentos de encostas, as enchentes, são culpa da natureza, sempre dela que é fácil culpar. Não, não é por causa da destruição das florestas, que segura as encostas e regulariza o fluxo da água – só raramente alguém faz essa ligação tão óbvia. No planeta deles a seca cada vez maior em grandes regiões do país (inclusive, perturbadoramente, na Amazônia) é natural, e não tem nadinha a ver com mudanças climáticas. Nem pensar. Continua