28.10.2010
Em documento enviado aos candidatos, o Movimento Xingu Vivo para Sempre lista os problemas do projeto e solicita que ambos explicitem seus planos e opiniões sobre hidrelétrica de Belo Monte
Nesta terça, 26 de outubro, o movimento Xingu Vivo para Sempre, coalizão de mais de 250 organizações e movimentos sociais que se opõem à construção de Belo Monte, enviou às candidaturas de Dilma Rousseff e José Serra uma carta solicitando que exponham seus projetos no tocante à polemica hidrelétrica [Veja vídeo].
A usina de Belo Monte tem sido um dos temas ambientais de maior destaque no segundo turno, e foi incluída pela candidata do PV, Marina Silva, entre as os pontos programáticos apresentados ao PT e ao PSDB. Apesar disso, os movimentos sociais e indígenas do Xingu consideraram esquivos os posicionamentos de Dilma e Serra, principalmente diante dos problemas e pendências sociais, ambientais e judiciárias que o cercam.
Leia a íntegra do documento:
Altamira, 26 de outubro de 2010
Car@ candidat@
Na corrida eleitoral deste ano de 2010, vimos como extremamente salutar os resultados das urnas no primeiro turno: o povo brasileiro quer discutir melhor os projetos de governo e o seu futuro nos próximos quatro anos, e está cobrando dos candidatos presidenciais que evidenciem seus posicionamentos referentes a várias questões.
Entre os temas que têm ocupado maior espaço no debate nacional, sem dúvida está a questão socioambiental. E, com destaque especial, o polêmico projeto de construção da mega-hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu, no Estado do Pará.
O Movimento Xingu Vivo para Sempre reúne mais de 250 organizações da região de Altamira e do estado do Pará, representando milhares de agricultores, ribeirinhos, indígenas e moradores urbanos ameaçados pela hidrelétrica de Belo Monte. Também inclui entre seus membros alguns dos mais respeitados especialistas em energia e meio ambiente do país (acadêmicos, cientistas e ONGs que acompanham os planos para a construção de hidrelétricas no Xingu desde a década de 1980). Trata-se do fórum da sociedade civil que maior autoridade tem para falar dos riscos e impactos negativos que o empreendimento teria sobre o rio e seus moradores.
Imbuídos desta legitimidade, declaramos ser mentirosa a afirmação de que o projeto de Belo Monte foi amplamente discutido com a população brasileira e, em especial, com os povos do Xingu. Nenhum argumento contrário à obra, apresentado pelas lideranças sociais e indígenas e por especialistas acadêmicos, foi levado em conta pelo governo; audiências públicas ou foram ignoradas, como as de Brasília, ou, no Pará, foram uma farsa, contestada por Ação Civil Pública do Ministério Público Federal; previstas pela Constituição, as oitivas indígenas nunca foram realizadas, ferindo não apenas a Carta Magna, mas convenções internacionais, como a Resolução 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Continua