Por Ruth de Aquino
12.10.2010
Em agosto, a revista Time publicou uma das capas mais ousadas de sua história. Mostrava a bela jovem Aisha, de 18 anos, mutilada por seu marido, um talibã “ofendido em sua honra”, no Afeganistão. A visão do rosto jovem desfigurado causava um misto de repulsa e pena, mas era sem dúvida uma denúncia poderosa das condições terríveis a que mulheres podem ser submetidas no regime talibã.
O blog 7×7 publicou um post sobre o assunto e informou que ela tinha embarcado para os Estados Unidos para uma cirurgia, com o objetivo de reconstituir seu nariz e orelhas, arrancados quando tentou fugir do marido arranjado por sua família.
Agora, ela posou para a imprensa internacional com uma prótese temporária, enquanto aguarda uma solução mais permanente, que exige cirurgia.
Aisha sorriu. Um sorriso doce.
Nesses momentos, eu penso por que todos nós às vezes reclamamos e nos deprimimos por motivos absolutamente fúteis. O sorriso dessa moça – e seu claro orgulho por finalmente poder parecer uma pessoa normal, sem provocar no próximo um olhar de choque – é comovente.
A prótese dá uma ideia de como Aisha ficará após a operação. Quem está financiando a cirurgia é a Fundação Grossman Burn, com sede em Los Angeles.
Seu sobrenome nunca foi revelado. Sua história, sim, para o mundo inteiro. E é aterradora e revoltante. Aisha foi dada pelo pai a um guerrilheiro Talibã quando tinha apenas 12 anos de idade, uma criança. Foi vendida em troca de uma dívida. A família do marido dela a forçou a dormir no estábulo com os animais. E, anos depois, quando a menina tentou fugir de um cotidiano de humilhações, seu marido a perseguiu e, como castigo, a mutilou. Ela desmaiou e, no meio da noite, despertou em meio a um líquido viscoso. “Quando abri meus olhos, não podia enxergar nada, por causa do sangue”, declarou à repórter da CNN Atia Abawi. Continua