domingo, 9 de maio de 2010

Aziz Ab'Sáber, o mais premiado geógrafo brasileiro, luta para preservar sua obra

Via Estadão, há 282 dias sob censura - Por Vitor Hugo Hugo Brandalise - 02 de maio de 2010

Morador da Granja Viana, o mais premiado geógrafo brasileiro está doando à Brasiliana quadros e mapas do território nacional feitos com imagens de satélite





Durante os 15 primeiros dias de abril, Aziz Ab"Sáber, o mais premiado geógrafo brasileiro, atravessou repetidas vezes uma mesma estrada, sempre à noite, dentro do câmpus da Universidade de São Paulo (USP) no Butantã, zona oeste. A bordo de sua velha Parati, percorria os 500 metros que separam o Instituto de Estudos Aplicados (IEA) e o laboratório da futura Biblioteca Brasiliana, carregando no porta-malas imagens de satélite emolduradas em ferro, únicos registros fotográficos do Projeto Floram, do qual participou. As quase solitárias incursões noturnas - um motorista o ajudou no transporte dos 28 quadros, que estavam encostados num depósito do IEA - explicam o momento vivido pelo geógrafo. Com mais de 400 trabalhos acadêmicos publicados até hoje, aos 85 anos ele luta para preservar sua obra.

Quando soube do paradeiro das imagens do mais ambicioso plano de reflorestamento brasileiro - cada uma com 1,5 metro de comprimento por 1 metro de largura, que decoraram as paredes do IEA entre 1995 e 2009 -, o geógrafo, morador da região metropolitana de São Paulo há 70 anos, percebeu que, se quisesse evitar que se perdessem, deveria agir. Entrou em contato com a direção da Brasiliana e disse que doaria, além dos quadros, 30 livros originais do Projeto Floram, preparou a Parati e avisou a mulher que não se preocupasse. Em alguns dias daquelas semanas, chegaria mais tarde em casa. Continua