26/02/2010 | Atualizado em 01/03/2010
A autotranscendência, aspecto da personalidade associado aos valores espirituais do ser humano e que pode ser alcançado por meio da meditação, se expressa em graus variados nos indivíduos em função da atividade de certas áreas do cérebro (foto: sxc.hu).
Que nota você daria, de 0 a 10, para mensurar a aplicação da seguinte frase a si mesmo(a)? “Frequentemente fico tão fascinado(a) com o que estou fazendo que me perco nesse momento e me sinto fora do tempo e do espaço.” Ou então desta: “Muitas vezes me sinto tão ligado(a) às pessoas à minha volta que é como se não existisse separação física entre nós.” Ou ainda: “Sou fascinado(a) pelas muitas coisas da vida que não podem ser explicadas cientificamente.”
Se você pontuou alto para essas afirmativas, é possível que seja dotado(a) do que os psicólogos chamam de ‘autotranscendência’, um dos aspectos da personalidade que alguns de nós possuem em grau mais elevado do que outros.
Personalidades
Todos nós intuímos o que seja a personalidade, mas na verdade é muito difícil definir esse conceito, e mais ainda avaliar ou medir de algum modo as suas características. No século 18, uma corrente que ficou conhecida como fisiognomia acreditava que seria possível conhecer a personalidade das pessoas por meio de sua face – daí a consagração do termo fisionomia para descrever a expressão facial. De acordo com essa corrente, as características da expressão facial de um indivíduo seriam suficientes para classificar a sua personalidade como fleumática, colérica, sanguínea ou melancólica.
Dentre as inúmeras teorias atuais da personalidade, destaca-se uma – proposta há pouco mais de dez anos – que correlaciona os tipos humanos com características genéticas e neurobiológicas. Trata-se da ideia de personalidade multidimensional, criada pelo psiquiatra norte-americano Claude Robert Cloninger, que atualmente trabalha na Universidade Washington, nos Estados Unidos. De acordo com Cloninger, existiriam três dimensões da personalidade, geneticamente independentes, funcionalmente interligadas, e vinculadas, cada uma delas, a um sistema neural distinto: ‘busca do novo’, ‘evitação de danos’ e ‘dependência de recompensa’. Continua
Legenda da 2ª imagem:
Gravura de Johann Kaspar Lavater (1741-1801), fundador da 'fisiognomia', que ilustra os quatro tipos de personalidade admitidos no século 18.