O mau desempenho de Dilma Roussef neste início de campanha – avaliação do próprio PT, que suspendeu o programa “Fala, Dilma”, no site da candidata - repõe o tema da transferência de votos. A popularidade de Lula não está se refletindo nela – e não por omissão do presidente, que lhe tem dedicado tempo quase integral.
Lula tem feito o que pode – e, sobretudo, o que não pode. Já recebeu duas multas do TSE e pode receber outras, pela transgressão contínua à lei eleitoral, ao subir em palanques de sua ex-ministra e até autorizar financiamento de empresas estatais para comícios de centrais sindicais de cunho eleitoral, como o fez no 1º de maio.
O presidente não hesitou em transformar a fala institucional de 1º de maio, em rede de rádio e TV, num comício eletrônico pró-Dilma. Pode ter que responder pela ousadia, pois a oposição já voltou a acioná-lo na Justiça.
Mesmo assim, Dilma não atingiu ainda o patamar eleitoral básico do PT, que é de 33%. Os especialistas em pesquisas costumam dividir o eleitorado brasileiro em três fatias: 33% pertencem ao PT, outros 33% são anti-PT e os 33% restantes oscilam, conforme as qualidades de cada candidato. São esses votos que estão em disputa e que definem a eleição.
Serra é o único a ter amealhado alguns deles. Já ostentou mais de 40% nas pesquisas e mantém uma média de 35% contra 25% da ex-ministra. Mais uma vez, o fantasma da eleição chilena, em que a então presidente Michele Bachelet, com aprovação popular de mais de 80% - superior à de Lula –, não conseguiu fazer o seu sucessor.
O mesmo fenômeno dá-se agora na Colômbia, onde o presidente Uribe, também com aprovação alta, beirando os 80% - semelhante à de Lula -, não está conseguindo, a um mês das eleições, transferi-la a seu candidato, Juan Manuel Santos, ultrapassado pelo seu concorrente Antanas Mockus. Continua
sábado, 8 de maio de 2010
Terceirizando a popularidade
Via Blog do Noblat - Por Ruy Fabiano - 8.5.2010