quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Crianças brincam de tráfico de drogas

Via Diário Gaúcho - Por Renato Gava
renato.gava@diariogaucho.com.br
22.10.2009


Em vez do tradicional polícia-e-ladrão, meninos de um colégio de Sapucaia simulavam ser traficantes


Nem esconde-esconde, nem polícia-e-ladrão. Crianças de uma escola pública de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, começaram a brincar de traficante. Segundo testemunhas, eles quebraram giz, moeram até virar pó e embalaram em plásticos.

Na brincadeira, segundo uma testemunha, grupos teriam de angariar usuários e conquistar bocas de fumo. O caso envolveu crianças da quarta série do ensino fundamental, entre nove e dez anos de idade.

– Realmente isso ocorreu, mas a gente conversou com eles e eles pararam – assegurou a diretora do colégio, que não quis dar mais informações.

- Escolas vão discutir o tráfico

A brincadeira mostra como a crua realidade do tráfico influencia o cotidiano de crianças da Região Metropolitana.

O secretário de Educação do município, Adilpio Zandonai, revelou preocupação com a questão. Segundo ele, nos dias 10 e 11 de novembro, haverá uma reunião com todas as 26 escolas de Sapucaia do Sul para tratar sobre o combate ao tráfico e a melhor forma de prevenir adolescentes sobre o problema das drogas.

– Pode ter sido em tom de brincadeira, mas temos de coibir, acabar com isso – disse o secretário.

- Reflexos do dia a dia

Subcomandante da Brigada na cidade, o capitão Célio Vargas de Oliveira disse que já havia sido alertado por uma denúncia anônima.

– Não é um crime, e sim um reflexo do que essas crianças convivem no dia a dia, em suas comunidades e, às vezes, até dentro de casa – avaliou o oficial.

Ele não revelou o nome do colégio, mas disse que entrará em contato com a direção para combinar palestras.

– Em Sapucaia, perto de escolas sempre tem uma invasão, que são os locais onde moram a maioria dos traficantes. Se o ponto não é na frente do colégio, fica a três, quatro quadras – informou.

- Pó de mentirinha

A direção da escola não revelou detalhes da brincadeira. Uma professora, que disse ser responsável por outra turma, relatou que a descoberta foi por acaso e que ocorreu no turno da manhã. A responsável pela classe teria visto um aluno quebrando giz e perguntado o porquê da ação. Foi quando a criança mostrou alguns saquinhos com pó e disse que era para brincar de traficante. O menino não soube dizer há quanto tempo eles vinham desenvolvendo o jogo.

Para preservar as crianças, em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente, o Diário Gaúcho não publica o nome da escola. Continua



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