O maior crime dos traficantes do Rio foi o de ter injetado uma dose de realidade no último faz-de-conta do Brasil grande.
A guerra que a bandidagem do Morro São João declarou aos malfeitores do Morro do Macaco conspurcou o idílio do Rio-2016.
Vem daí o frêmito de horror que varre as declarações oficiais. Lula apressou-se em desfilar o seu mal-estar para as câmeras.
“Estamos dispostos a fazer todo sacrifício necessário para ver se a gente limpa a sujeira que essa gente impõe ao Brasil no mundo”.
Estávamos acostumados à violência. Ela funciona como genocídio em conta-gotas, um processo de auto-regulação da pobreza.
Em São Paulo, os corpos sem rosto tombam longe dos bairros endinheirados. Ninguém se dá ao trabalho de ver. No Rio, é diferente.
Ali, as favelas espreitam a cidade do alto. São avalanches esperando para acontecer. Mas não era hora de mostrar a sujeira ao mundo. Continua