sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Computadores no ensino

Via Expresso
Por Nuno Crato
14.07.2010

É muito difícil saber se a introdução de computadores no ensino melhora ou prejudica a aprendizagem. Ou se os jovens que estudam em casa com recurso a computadores têm, só por esse facto, uma vantagem significativa.

Tirar conclusões fiáveis sobre as causas de fenómenos sociais é notoriamente difícil. O físico Richard Feynman salientava a dificuldade com que os físicos tiram conclusões a partir de estudos muito rigorosos, feitos por dezenas de cientistas e nas mais variadas condições laboratoriais. E contrastava essa dificuldade com o desembaraço com que alguns sociólogos parecem tirar conclusões a partir de dados vagos e controversos. "Tenho a vantagem de saber como é difícil descobrir verdadeiramente alguma coisa", dizia, "como se tem de ser cuidadoso a verificar as experiências, como é fácil errarmos e enganarmo-nos".

Nos estudos sociais, uma das razões por que é fácil errarmos e enganarmo-nos é o facto de os dados misturarem tantas variáveis que o efeito daquelas que queremos estudar é facilmente ofuscado por outras que lhes vêm associadas. É muito difícil, por exemplo, saber se a introdução de computadores no ensino melhora ou prejudica a aprendizagem, pois ao mesmo tempo que são introduzidos os computadores são feitas outras mudanças e não se sabe se foi por estes ou por aquelas que as melhorias ou os retrocessos aconteceram. Também é difícil saber se os jovens que estudam em casa com recurso a computadores têm, só por esse facto, uma vantagem significativa. As famílias com posses para oferecer computadores aos filhos também lhes oferecem outros recursos de estudo (explicadores, mais acesso à cultura, melhores condições de vida). Continua