Ahmadinejad rompe silêncio, rejeita asilo e diz não querer criar problemas para Lula
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, rompeu o silêncio e entrou em cena ontem para colocar um ponto final no caso de Sakineh Mohammadi Ashtiani — a iraniana condenada à morte por adultério e pelo suposto assassinato de seu marido.
Após uma semana de intenso vaivém diplomático acerca da proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de dar asilo à prisioneira, no primeiro pronunciamento público sobre o caso, Ahmadinejad afirmou que não vê necessidade de enviar a condenada ao Brasil.
— Há um juiz e, no fim das contas, os juízes são independentes. Conversei com chefe do Judiciário e o Judiciário também não concorda com a proposta do Brasil — afirmou Ahmadinejad, em entrevista à estatal Press TV. — Acho que não há necessidade de criar mais confusão para o presidente Lula levando-a ao Brasil — sentenciou o líder iraniano.
Esquivando-se de polêmicas, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, evitou comentar as declarações.
Mas, o assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse acreditar que ainda há espaço para negociação.
— Se nós acreditássemos que não ia adiantar, não estaríamos insistindo — afirmou Garcia. — Essa não é uma questão jurídica, filosófica, teológica, essa é uma questão política, portanto tem que ser tratada pelo governo do Irã como política.
De Teerã, a decisão ecoou em Brasília. Num comunicado, a embaixada do Irã afirmou que não aceitará nenhuma forma de interferência de outros países em seus assuntos internos.
A embaixada disse considerar a oferta brasileira como "um pedido de um país amigo, baseado nos sentimentos puramente humanitários e no espírito do presidente Lula" — mas insinuou também que há quem tente tirar proveito da condenação de Sakineh para obter benefícios eleitorais.
"Infelizmente, alguns grupos de pessoas dentro do Brasil, aproveitando a situação e desconsiderando o interesse nacional de seu país, utilizam esse assunto como um instrumento para reforçarem suas forças políticas e obterem melhor aproveitamento na campanha eleitoral", acusa o texto.
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