segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Uma questão de escolha

Via blog do Noblat - 8.8.2010

Do blog do Alon

Não é o caso de ditar normas aos outros, mas está plenamente no âmbito da nossa soberania decidir com quem vamos nos relacionar, fazer negócios, estabelecer canais comerciais privilegiados

Há lugar para os direitos humanos na política externa do Brasil? Talvez seja um debate para a campanha presidencial, ainda que a lógica marqueteira desaconselhe assuntos assim “elitistas”. Política externa e direitos humanos não decidem eleição, então a tendência é serem deixados em enésimo plano. Toca-se no tema diante de plateias selecionadas, mas para o povão é emprego, saúde, segurança e educação.

Pena, pois as agressivas tentativas de protagonismo lançadas pelo Brasil nos últimos anos reposicionaram o país no jogo planetário. Um efeito é termos agora “a ver” com mais assuntos que antes. No nosso caso, Terêncio tem razão renovada: não é razoável permanecermos alheios a nada humano. Como por exemplo os direitos.

Quando o assunto são direitos humanos, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva saltita entre dois extremos, conforme a conveniência.

De vez em quando, fica tomado de indignação humanística. Foi assim ao lançar a terceira versão do programa nacional dedicado à pauta, o PNDH. Era quase um esboço de “plataforma para a revolução brasileira”, da qual naturalmente precisou recuar. Para não alimentar agendas complicadas em período de eleição.

O comportamento repetiu-se na polêmica sobre a Lei de Anistia. Mesmo com divisões internas, o governo endossou oficiosamente a tese de que tortura é inanistiável, também pela obrigatória subordinação da legislação nacional às normas internacionais.

É difícil porém compreender esse vetor indignado à luz da ligeireza verbal que o presidente da República andou despejando em pelo menos duas situações.

Quando construiu o infeliz paralelismo entre os presos políticos cubanos em greve de fome e o hipotético uso dessa forma de protesto por criminosos comuns no Brasil. E quando se enrolou no opina não opina sobre a iraniana condenada a morrer apedrejada (ou enforcada) por “adultério”. Continua

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