JC e-mail 4080, de 23 de Agosto de 2010.
Escavações no Piauí podem revelar hiato da ocupação humana nas Américas
Antropólogos se perguntam como teria ocorrido a suposta troca de uma população pré-histórica por outra no continente. Esqueletos achados no Parque Nacional da Serra das Confusões, que datam entre 5 mil e 8 mil anos atrás, podem fornecer resposta
Sepultamentos descobertos no Parque Nacional da Serra das Confusões (PI) podem reforçar a busca por respostas para um hiato que marca as pesquisas sobre a ocupação humana nas Américas.
Há décadas, antropólogos se perguntam como teria ocorrido a suposta substituição de uma população pré-histórica por outra no continente. A tese surgiu com os estudos do crânio de Luzia, descoberto nos anos 1970 e considerado como sendo da primeira brasileira, além de o primeiro fóssil humano das Américas.
A jovem mulher, que viveu há aproximadamente 11 mil anos na região cárstica (tipo de relevo caracterizado pela corrosão de rochas) de Lagoa Santa (MG), tinha feições negroides e era, provavelmente, descendente da primeira migração da Ásia, com características distintas dos índios modernos.
Equipes da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) empreenderam prospecções em 2008 e 2009, que resultaram no cadastro de 110 sítios arqueológicos. Em dois deles - Toca do Enoque e Toca do Alto da Serra do Capim -, escavações revelaram esqueletos de adultos e crianças e fragmentos de ossos humanos queimados.
A importância da descoberta está nas primeiras datações, obtidas recentemente: entre cerca de 5 mil e 8 mil anos atrás. É justamente durante essa faixa cronológica que os pesquisadores acreditam que uma população com as características mongoloides dos povos indígenas brasileiros passou a habitar o continente. Continua