Por Eduardo Reina e Rodrigo Burgarelli
Pais em geral desconhecem prática; nesta semana, caso foi parar na polícia e chamou a atenção do País, mas é apenas um entre centenas
É noite de segunda-feira, 25 de julho. Sentada na frente da webcam, uma adolescente lê em voz alta a quantidade de pessoas que assistem ao vivo à transmissão: "989, 994, 1.004!" Ela mostra um sorriso meio nervoso e adverte: "Só vou deixar ela fazer se ficar acima de mil." O número se estabiliza e, de repente, uma outra menina ? também de traços infantis ? aparece seminua num canto da tela, mostrando os seios e a calcinha enquanto dança funk em poses sensuais.
A cena registrada na última quarta-feira não é caso isolado no universo dos adolescentes brasileiros. A moda de se exibir em câmeras na internet vem crescendo entre os jovens. Grande parte dos pais não sabe disso. Todas as noites é possível encontrar dezenas de câmeras transmitindo ao vivo cenas de adolescentes que, sem serem forçadas ou ganhar algo por isso, mostram o corpo em troca de audiência.
O programa utilizado para as transmissões é o Twitcam. Com ele, a interação ocorre em tempo real ? e não são raras as coações de conotação sexual, mesmo quando os jovens do vídeo afirmam ter menos de 14 anos.
Entre as práticas mais comuns há a promessa de tirar uma parte da roupa quando os espectadores ultrapassarem um certo número. Há até comunidades no Orkut que listam os endereços eletrônicos de transmissões dos adolescentes e incitam outros visitantes a acessarem os links para aumentar a audiência. Os mesmos grupos chegam a divulgar regras básicas para os voyeurs ? como, por exemplo, não constranger as meninas para não assustá-las ou xingar quem está tirando a roupa muito devagar. Continua