Por Luiz Zanin Oricchio/ BRASÍLIA
25.11.2010
Eu e minhas atrizes. Ecos da ditadura impregnam o filme, que iscila entre poesia, melodrama e momentos grotescos (Aline Arruda/Divulgação) |
Carlão deu um jeito. Recebeu o Candango - o prêmio tradicional do Festival de Brasília - , atrapalhou-se com a garrafa d"água e o microfone, e chamou ao palco sua trupe. Subiram as atrizes do seu filme Liliam M. Relatório Confidencial - Célia Olga Benvenutti, que interpreta a protagonista, Maracy Melo e sua mulher Lygia Reichenbach, que faz um pequeno papel; a produtora, parceira de tantos filmes, Sarah Silveira, e o montador de Liliam M., o crítico Inácio Araújo. Carlão falou muitas e boas coisas sobre o filme em si e o cinema de maneira geral. Mas o melhor estava por vir, no finalzinho da homenagem, quando todos já se preparavam para descer do palco do Teatro Nacional. Carlão pediu mais um minuto de tolerância à plateia e contou uma pequena história.
O caso é o seguinte. Liliam M. foi lançado em 1975. Um dia, Reichenbach recebe o telefonema do crítico Orlando Fassoni, muito influente na época. "Carlão, dê um jeito de ir para o Rio porque tenho informação de que a Célia Benvenutti ganhou a Coruja de Ouro." Cabe explicação: a Coruja de Ouro era, naquele tempo, o principal prêmio do cinema brasileiro, o Oscar do cinema nacional. Sem um tostão no bolso, Carlão e equipe deram um jeito e foram de carro para o Rio. A informação de Fassoni era furada. Não ganharam prêmio algum. "Nunca a Via Dutra me pareceu tão longa como naquela volta para São Paulo", lembra. Continua